Todos os anos, a União Europeia (UE) produz cerca de 57 milhões de toneladas de resíduos alimentares e, ao mesmo tempo, mais de 36 milhões de pessoas não tem dinheiro para fazer uma boa refeição de dois em dois dias. Porque não basta mudar comportamentos entre os cidadãos, a UE também quer envolver as autoridades regionais e locais na redução da perda e dos desperdícios alimentares, a começar pela cadeia de produção e de fornecimento.

Um dos projetos mais recentes nesta área é o CIBUS – Cutting food loss and waste in Europe, que junta nove parceiros europeus, entre eles a Comunidade Intermunicipal (CIM) Alto Minho. Os outros são a Associação Búlgara de Especialistas Ambientais Municipais, a Agência de Desenvolvimento de Nicósia (Chipre), o Município de Vejle (Dinamarca), a Câmara Municipal de Maramures (Roménia), o Conselho Regional de Häme (Finlândia), a Universidade de Ciências Aplicadas de Häme (Finlândia), o Conselho do Condado de Galway (Irlanda) e a cidade de Liège (Bélgica).

Durante quatro anos vão trabalhar em conjunto com a missão de identificarem soluções que ajudem a reduzir o desperdício alimentar, atualmente responsável por 5% dos gases com efeito de estufa na pegada de consumo alimentar dos 27 Estados-membros. Para isso, comprometem-se a desenvolver políticas integradas e estratégias globais, plataformas multi-stakeholder, projetos comuns de inovação e de aumento da disponibilidade e transparência dos dados, além de atividades de aprendizagem regional e inter-regional.

A primeira reunião técnica do projeto CIBUS aconteceu no mês passado, em Sófia, na Bulgária

E que mais-valias poderá obter o Alto Minho com a participação neste grupo? De acordo com a CIM portuguesa, a região “pode capitalizar o conhecimento adquirido através de projetos como o CIBUS para entender melhor os desafios específicos ao longo da cadeia de produção e abastecimento de alimentos”. Além disso, “essa compreensão permite identificar fatores que contribuem para a perda e desperdício de alimentos e aplicar medidas inovadoras de prevenção e uso de biorresíduos”, diz a equipa de coordenação à Smart Cities.

Na prática, a região pretende criar plataformas físicas e digitais que juntem produtores, empresas, entidades governamentais e não governamentais, entre outros agentes, promovendo parcerias e a participação de diferentes stakeholders em centros de pesquisa e inovação. Outra ideia passa por desenvolver programas educacionais para sensibilizar a comunidade sobre a importância da redução do desperdício alimentar. “Isso pode incluir o reforço das iniciativas em escolas, campanhas públicas e a promoção de turismo sustentável, onde o Canal HORECA e eventos turísticos adotem práticas para minimizar o desperdício de alimentos”, explica a CIM do Alto Minho.

De acordo com os responsáveis, a entidade portuguesa irá “desempenhar um papel crucial em várias etapas” deste projeto, com conclusão prevista para junho de 2028.  Assim, nos primeiros três semestres, a CIM Alto Minho irá fazer um levantamento do conhecimento regional e inter-regional “para compreender os desafios na cadeia de produção e iniciar a criação de uma plataforma multissetoriais”. Organizará também diversas atividades participativas e eventos inter-regionais, de modo a “combinar conhecimentos de projetos anteriores e recolher insights de stakeholders por meio de workshops, entrevistas e sessões bilaterais”.

Depois disso, haverá um trabalho conjunto com os diferentes municípios que compõem a CIM, no sentido de se identificarem boas práticas. Estas prosseguem para a fase seguinte, em que serão adotadas abordagens práticas que ajudem a implementar mudanças políticas. Já o último ano será dedicado à consolidação das políticas implementadas, nomeadamente através de workshops inter-regionais e da aplicação de medidas de recolha de dados.

O CIBUS (que em latim significa alimentação) é um projeto financiado pelo programa Interreg e dispõe de um orçamento de 2 milhões e cem mil euros.

Fotografia de destaque: © António Sá