Conhecer o que as várias smart regions estão a fazer, principalmente numa perspectiva mais institucional, ficar a par do discurso político oficial e perceber de que forma as várias entidades podem e devem se coordenar foram os motes do último dia da Cimeira Europeia das Regiões para Comunidades Inteligentes. O evento, que aconteceu a partir de Évora em formato híbrido, juntou líderes regionais europeus e especialistas nacionais e internacionais num debate sobre a visão para o futuro das comunidades inteligentes na Europa.
Digital é o futuro e o futuro é digital, afirmou António Ceia da Silva, presidente da CCDR-Alentejo, acrescentando que o Alentejo tem uma das agendas digitais mais ambiciosas da Europa. E a prova é que, através do programa AURORAL, lidera o movimento de smart communities na Europa. O discurso de Apostolos Tzitzikostas, presidente do Comité das Regiões, seguiu na mesma linha, ao referir que a recuperação das regiões no cenário pós-covid não se baseará apenas numa transição verde, mas também no digital. É aqui que entra o Comité, que, juntamente com a Comissão Europeia, relançou o programa de internet de banda larga para que abarque todas as regiões europeias.
Por outro lado, o executivo afirmou, de forma perentória, que só conseguiremos uma implementação eficiente das políticas futuras se as políticas actuais foram revistas e avaliadas de forma correcta. Já Mark Speich, presidente do Comité das Regiões Civex e secretário de Estado para Assuntos Federais, Europeus e Internacionais do estado Renânia do Norte-Vestfália, na Alemanha, uma das regiões fundadoras do projecto em 2019, abordou o tema do public procurement, nomeadamente a necessidade de simplificação da legislação europeia, e afirmou que a experiência das regiões, com as autoridades locais, é valiosa na criação de inputs para essa mesma simplificação. Isto porque, os hubs regionais já produziram inúmeros relatórios sobre procurement público, desde 2019, dados que auferem conhecimento para o e-procurement. Por fim, “não nos podemos esquecer que o procurement é feito por cidade e regiões, pelo que a sua experiência prática deve ser valorizada”, lembrou.
Sendo o coordenador do projecto Rede de Centros Regionais para a revisão da implementação da política da UE, Rainer Steffens está na posição ideal para apresentar a RegHub – Rede de Pólos Regionais, que consiste em 46 hubs, de 19 Estados-Membros. Uma plataforma que reúne todo o trabalho realizado pelas regiões em causa, possibilitando a partilha de conhecimento.
Rune Edvardsen, presidente da região de Hålogaland, Norte da Noruega, uma das zonas com menor densidade populacional, explicou que, devido a essas mesmas características, o projecto AURORAL adquire uma importância extra. “A tecnologia é importante quando a distância é grande”, afirmou.
Nienke Homan, ministra da Região Norte da Holanda, trouxe a experiência local na adopção do hidrogénio, mas, antes disso, a governante fez questão de dizer que o futuro está na liderança e que esta se reflecte em ambições “claras” para as mudanças climáticas, para investimentos seguros no clima e na cooperação entre as empresas, a indústria, os centros de investigação e os governos. “Não podemos ter um melhor futuro se não trabalharmos juntos”, alertou.
A experiência da região com fontes de energia vem dos anos 1960, quando começaram a exportar gás natural, uma iniciativa que trouxe prosperidade, mas, infelizmente, reconheceu a executiva, também trouxe tum aumento da actividade sísmica, pelo que foi necessário mudar. Foi então que a região se virou para o hidrogénio, sendo a primeira região reconhecida como o primeiro vale de hidrogénio da União Europeia.
O hidrogénio é uma alternativa que pode acelerar a descarbonização do sistema energético. Esta é a opinião de Rastislav Trnka, preidente da região autônoma de Košice, na Eslováquia, que voltou a frisar a importância das regiões na recuperação da Europa, acrescentando que o investimento em energias limpas é parte essencial dessa mesma recuperação. Esta é uma opinião que se reflecte no facto de a região que representa ser a primeira a definir uma estratégia de hidrogénio na Eslováquia. O responsável aproveitou para salientar que a qualidade da educação é essencial para os futuros engenheiros para que consigam enfrentar os desafios decorrentes das alterações climáticas e lidar com as próximas tecnologias energéticas. Mas, alerta, para que o hidrogénio se massifique, é necessário aplicá-lo ao turismo. E é por isso que a região vai disponibilizar bicicletas a hidrogénio, assim como tencionam ter autocarros a hidrogénio para as áreas suburbanas.
Já Maria da Graça Carvalho, membro do Parlamento Europeu, alertou para o facto de que os próximos três a quatro anos serão “essenciais” na definição do futuro das regiões e da Europa. E salientou que esta é uma oportunidade “única” para aproveitar os vários fundos disponibilizados pela União Europeia, reforçando as várias sinergias existentes entre eles.
Entre os dias 3 e 9 de Maio, a Cimeira Europeia das Regiões para Comunidades Inteligentes aconteceu no Convento do Espinheiro em Évora, mas também no formato on-line, sob a Presidência Portuguesa da União Europeia e organizada pelo AURORAL, o projecto europeu coordenado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo – CCDR-Alentejo. O evento pode ser visto novamente on-line, através do canal de YouTube do AURORAL ou no website do projecto.
A revista Smart Cities é media partner oficial da Cimeira Europeia das Regiões para Comunidades Inteligentes.