Até ao final deste ano, será possível carregar carros elétricos a partir de postes de iluminação pública em Portugal. O objetivo é avançado à Smart Cities pela Galp, empresa que está a desenvolver o projeto EV Massification, destinado a explorar diferentes conceitos de carregamento de veículos elétricos em ambiente urbano, entre eles este que aproveita os postes da luz.
A solução encontra-se atualmente em fase piloto, estando já instalados dois carregadores em Carcavelos e outros dois na refinaria da Galp em Matosinhos, mas a meta da empresa é ter uma dezena de postes adaptados a esta função nos próximos cinco meses. Depois, “num horizonte mais largo, o plano da Galp é dobrar a sua atual rede de 5 mil pontos de carregamento de veículos elétricos, integrando também esta inovação na sua oferta de acordo com a vontade dos municípios”, diz Pedro Ferreira, Project Manager do EV Massification.
Interessados já há, garante o responsável, que dá conta de “conversas avançadas com dois municípios, cobrindo atualmente a zona norte e centro do país”. Para ele, são diversas as mais-valias que as autarquias podem aproveitar, desde logo porque “colocam ao serviço dos seus munícipes uma rede de carregamento conveniente e abrangente, o que impulsiona a adoção de veículos elétricos e, por essa via, a redução de emissões no espaço urbano”. Em simultâneo, promovem também “a aplicação de um conceito inovador e mais harmonioso do ponto de vista da utilização do espaço público, uma vez que esta solução ocupa menos espaço e tem menor impacto visual”.
Desta forma, torna-se possível aumentar o número de pontos de carregamento disponíveis na rede pública, aproveitando a infraestrutura de iluminação pública, e atenuando o facto de muitas casas particulares não disporem de garagem ou lugar de estacionamento. Per exemplo, na área metropolitana de Lisboa, isso acontece em cerca de 65% das habitações.

Solução está a ser testada em Matosinhos e Carcavelos. Foto: © Galp
Carla Tavares, responsável pelo Centro de Inovação Renováveis e Área Comercial da Galp, acrescenta que “a principal vantagem é a utilização da infraestrutura de iluminação pública existente em toda a malha urbana e com uma grande capilaridade, evitando a criação de novas redes e aproveitando a potência disponível, não sendo necessárias novas adições de potência à rede, um ponto cada vez mais crítico”.
Na prática, o projeto implica que os circuitos de iluminação pública estejam ativos durante as horas diurnas e que as luminárias sejam trocadas para LED, o que já acontece com mais de metade das quase três milhões de luminárias existentes no país.
Quanto à experiência de utilização, “é em tudo idêntica à das tomadas existentes na rede pública, sendo que a sua potência poderá variar entre 3,6kW e 7,4kW, em função da potência disponível em cada rede”, acrescenta Carla Tavares.
O aproveitamento desta solução para carregamento de veículos elétricos já acontece em diversos países da Europa, como França, Bélgica, Alemanha ou Inglaterra. Só em Londres, por exemplo, já foram instalados desde 2008 mais de 8 mil pontos de carregamento.
Reutilizar para dar nova vida às baterias
Outro dos projetos de inovação da Galp que tem gerado mais expetativa é o Second Life Batteries. Trata-se de uma solução de armazenamento de energia que aproveita baterias de veículos elétricos em fim de vida para criar sistemas de carregamento ultrarrápido (entre 15 a 20 minutos), sem sobrecarregar a rede.
Lançado recentemente num posto da empresa em Alcalá de Henares (Espanha), em parceria com a BMW e a BeePlanet, “tem como objetivos prolongar a vida útil das baterias de veículos elétricos e diminuir a potência exigida à rede elétrica pelos hubs de carregamento ultrarrápido, facilitando o desenvolvimento destas infraestruturas”, explica à Smart Cities a responsável pelo Centro de Inovação Renováveis e Área Comercial da Galp.
Este novo sistema dedicado à área da mobilidade elétrica tem uma capacidade de 368kWh e está ligado a dois carregadores de 180kW, podendo carregar consecutivamente até nove veículos com recurso a potência mínima da rede.
Fotografia de destaque: © Galp