Comunicar ocorrências, comprar refeições escolares, pedir senhas para o atendimento municipal ou pagar estacionamento são algumas das acções que os munícipes de Oeiras podem agora fazer através dos seus smartphones. A “OeirasEu.pt” foi lançada há duas semanas e é uma webapp de cidadania, mas os objectivos do município vão mais além do que a simples comunicação e passam por usar a analítica para planear e ajudar na resolução de desafios urbanos.
A plataforma OeirasEu.pt surge no âmbito do protocolo assinado com a NOS e a NOVA IMS em Julho do ano passado. Se, por um lado, a utilização deste tipo de ferramentas permite uma maior proximidade com o cidadão, há, por outro, inúmeras vantagens para quem gere uma cidade e Oeiras pretende aproveitá-las ao máximo. “Esta plataforma é e foi entendida por nós como uma forma de os munícipes nos ajudarem na gestão mais eficaz do território”, refere Sílvia Breu, coordenadora do gabinete de Desenvolvimento Municipal da câmara municipal de Oeiras, responsável pela webapp. A nível interno, a interoperabilidade do sistema permite uma maior facilidade na operação, superando a fragmentação de informação comum nestas entidades e, uma vez que a plataforma está ligada ao sistema de gestão documental existente, é um “passo para a desmaterialização”. No longo prazo, a intenção é mais ambiciosa e passa por usar estes dados para tomar decisões ao nível do planeamento. “Queremos perceber por que certas acções acontecem em determinados locais e, para isso, vamos usar a quantidade gigantesca de dados que recolhemos [com a plataforma], analisá-la, e perceber porque é que isso acontece”, explica a responsável.

Uma das ferramentas que vai permitir recolher este tipo de informações é a “O meu bairro”, que está agora incluída na OeirasEu.pt. Através da plataforma, o munícipe pode, com o seu smartphone, comunicar, em tempo real, uma ocorrência à autarquia, seja um buraco no pavimento, seja a necessidade de limpeza da via pública ou outros. Introduzida a informação na plataforma, esta surge num dos quatro ecrãs que ocupam a parede da sala do “centro de comando” da câmara de Oeiras, onde uma equipa de seis pessoas faz a triagem e reencaminha para o serviço responsável, dando-lhe, assim, seguimento. A resposta inicial ao cidadão pode demorar entre poucos minutos e 48 horas após a submissão, e a resposta final à ocorrência entre uma a duas semanas e meia. No mapa, as cores vermelha, laranja e verde identificam o estado das ocorrências (submetida, em resolução e concluída, respectivamente) e estão visíveis a qualquer pessoa. “É uma forma de transparência”, admite.
Muito em breve, os dados da plataforma deverão já ajudar à tomada de algumas decisões em matéria de iluminação pública. Sílvia Breu revela que o município está neste momento a avaliar a possibilidade de implementar um sistema de iluminação inteligente, que, dado o investimento avultado necessário, terá de ser feito “de forma gradual”, por zonas. “A analítica vai ajudar a perceber por onde devemos começar, com base naquilo que as pessoas nos dizem”. Na lista de desafios nos quais a analítica pode ajudar, a coordenadora destaca ainda a questão da mobilidade. Em resultado de décadas de planeamento que privilegiaram a utilização do carro e de um desinvestimento no transporte público, hoje, “é difícil andar em Oeiras”, constata a responsável. “Nós não temos um problema de acessibilidades, temos tudo ligado, mas temos um problema de mobilidade complicado por causa da taxa de motorização, por sermos um território de atravessamento”. Como pode a analítica ajudar a resolver isto? “A analítica vai demonstrar cientificamente, com margens de erro muito pequenas, onde se devem fazer determinados investimentos, tendo em conta uma série de variáveis, como a população, onde as pessoas moram, quais os serviços à volta, quais os acessos”, esclarece.
A OeirasEu.PT não se limita a registar as ocorrências e dispõe de outras funcionalidades. Os munícipes podem pedir remotamente uma senha para um serviço de atendimento, pagar estacionamento ou as refeições escolares dos filhos, aceder às câmaras das praias para saber como estão as ondas em tempo real e perceber onde é aplicado o dinheiro que paga em impostos municipais. Muito em breve, a plataforma vai ainda identificar as zonas Wi-Fi gratuito em Oeiras. Com informações tão diversas, a questão coloca-se “porquê estas e não outras?”. A oportunidade foi a de reunir as ferramentas que estavam já optimizadas para serem usadas no mobile e que permitissem ao cidadão resolver questões na hora. No entanto, ferramentas como a “Para onde vai o meu dinheiro” dão uma missão adicional à plataforma, mas que é de extrema importância para a autarquia: transparência. “Nós temos de prestar contas aos cidadãos, não só o Executivo eleito, como nós, enquanto funcionários, também o temos de fazer”, conclui Sílvia Breu.