“Não ao parque eólico de Arcos de Valdevez” é o título da petição lançada por um grupo de cidadãos contra a instalação de um parque eólico junto à aldeia de Sistelo, no Gerês. O projeto está em consulta pública até esta sexta-feira, 16 de maio, e tem merecido as críticas da população local e de diversas associações ambientalistas, unidas contra a instalação de 32 aerogeradores ao longo de quase oito mil hectares nos concelhos de Arcos de Valdevez e de Monção.
A esta área juntam-se ainda os mais de 76 mil hectares relativos aos corredores da linha elétrica de muito alta tensão, com possível atravessamento em outros 11 concelhos da região: Melgaço, Ponte da Barca, Vila Verde, Terras do Bouro, Amares, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Montalegre, Braga, Guimarães e Vila Nova de Famalicão.
A petição, que já conta com mais de 750 assinaturas, defende que a “operação destes equipamentos implicará a emissão de níveis sonoros significativamente elevados, com impactos potenciais na saúde pública e no bem-estar das populações, bem como na fauna local”. Os signatários apelam, assim, ao indeferimento do licenciamento, nomeadamente através da não emissão das declarações de interesse público, essenciais para a viabilização da construção.
A FAPAS – Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade tem sido uma das maiores críticas do projeto, lembrando que “numa região com uma elevada qualidade cénica, a instalação de torres eólicas, da linha elétrica de interligação e da rede de estradões terão um impacto negativo, muito forte, permanente (durante, pelo menos, 30 anos) e não passível de minimização”, pode ler-se em comunicado.
De acordo com os ambientalistas, a “área pretendida para implantação do parque eólico conflitua com a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês/Xures, designada pela UNESCO em 2009, o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), a Zona Especial de Conservação (ZEC) Peneda-Gerês (PTCON0001), a Área Importante para as Aves(IBA) Serras da Peneda e Gerês e a Paisagem Cultural de Sistelo (Monumento Nacional), e com muito mais pré-existências naturais e culturais”.
O pedido de licenciamento para este parque foi apresentado pela empresa Madoqua IPP, criada há três anos e ligada a um grupo (Madoqua Renewables Holding BV), com sede na Holanda. Caso seja aprovado, deverá fornecer energia elétrica para alimentar um projeto de hidrogénio verde desenvolvido em Sines.
“Por muito boas que sejam as intenções anunciadas pela Madoqua IPP, não esquecemos que o principal objetivo de uma empresa é distribuir lucros aos seus investidores e, ao que parece, o eólico e o fotovoltaico são, neste momento, um bom investimento em Portugal. Veja-se no portal Participa.pt a quantidade de parques eólicos e fotovoltaicos cujos processos estão, ou estiveram, em discussão pública”, reitera a FAPAS.
A petição pede o indeferimento do projeto a um conjunto de oito entidades, com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) à cabeça, e que inclui também as autarquias de Arcos de Valdevez e Monção. À Agência Lusa, o presidente em exercício da Câmara de Arcos de Valdevez, Olegário Gonçalves, disse que a decisão do município será tomada em breve.
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