Depois de participar numa conferência sobre “A Revolução da IA nas Smart Cities”, realizada no âmbito do Portugal Smart Cities Summit, o secretário de Estado da Digitalização e Modernização, Alberto Rodrigues da Silva, falou com a Smart Cities sobre dois temas omnipresentes no evento: a Estratégia Nacional dos Territórios inteligentes (ENTI) e a inteligência artificial.
Para ambos, o governante utiliza o termo “equilíbrio”. Mas, se no caso da ENTI, acredita que as últimas alterações já permitiram uma “simbiose” entre municípios e empresas, em matéria de IA lembra que é preciso ter em conta a relação entre o potencial e os riscos desta tecnologia.”
Na intervenção que fez no Portugal Smart Cities Summit (PSCS) disse que “a revolução digital não pode ser limitada às grandes áreas urbanas”. Qual a importância de a fazer chegar também às zonas rurais e territórios de baixa densidade?
Esta mensagem está relacionada com a Estratégia Nacional dos Territórios inteligentes (ENTI) que tem o objetivo, de facto, que zonas menos ativas nestas áreas da adoção de novas tecnologias de smart cities possam tirar partido e ver isto como uma oportunidade para desenvolver os seus territórios. Tem a ver com esta ideia da coesão territorial, de chegar a todos, e permite que territórios, eventualmente, menos competitivos ou com particularidades diferentes, possam também estar envolvidos.
Durante o Portugal Smart Cities Summit, tanto as empresas como os municípios disseram que a ENTI foi um “casamento feliz” para ambos. Também partilha desta opinião? Como está a correr o processo?
Sim, a visão dos territórios inteligentes foi definida anteriormente, mas este Governo considerou que havia necessidade de fazer alguns ajustes, quer no modelo da governação da Estratégia – para uma maior participação e envolvência da Associação Nacional dos Municípios Portugueses -, quer ao nível da implementação da arquitetura tecnológica da solução. Isso contribuiu para essa melhor simbiose e equilíbrio entre a melhor autonomia dos municípios ou agrupamentos de municípios e as operadoras que têm soluções para esses desafios.
Esta Estratégia poderá ser decisiva para desenvolver digitalmente, e não só, os municípios portugueses?
Sim, sabemos que é uma oportunidade para os municípios conseguirem acelerar o processo de desenvolvimento tecnológico que têm, embora alguns já estejam numa fase mais avançada. Mas ainda poderão acelerar esse processo, claro. Por outro lado, é importante sublinhar a ideia de que os dados que vão ser recolhidos a nível local possam ser disponibilizados para um sistema de dados dos territórios inteligentes, de forma a partilhá-los, eventualmente, com outros parceiros, nomeadamente atores que estão ao nível da análise não só local, mas também nacional.
No encerramento da conferência em que participou no PSCS abordou também a evolução da inteligência artificial. Quais são, na sua opinião, os maiores desafios que esta tecnologia traz aos nossos territórios?
A inteligência artificial, enquanto forma diferente de abordar e permitir novas soluções tecnológicas tem, de facto, um potencial enorme. Mas também traz um perigo enorme relacionado com os riscos da sua aplicação. E essa discussão entre o potencial da tecnologia e os riscos que isso implica tem sido largamente discutido e terminou com o conhecido Regulamento de Inteligência Artificial da União Europeia que, de alguma forma, irá ajudar a estabelecer o equilíbrio entre o potencial tecnológico da inovação e, por outro lado, a regulação e a gestão desse risco que tem de ser suportado.