Um algoritmo capaz de definir preços de forma dinâmica, promovendo o uso dos veículos de car sharing e a sua deslocação para determinadas zonas, equilibrando a distribuição dos automóveis afectos aos sistemas de partilha e reduzindo os seus custos operacionais, o objectivo dos investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) envolvidos no projecto que pretende tornar os negócios de partilha de automóveis “mais baratos para empresas e consumidores”.

Serão, segundo as contas do INESC TEC, 400 os veículos automóveis afectos a redes de car sharing na cidade de Lisboa – a única do país com este tipo de sistemas a operar -, uma oferta que o instituto de pesquisa e desenvolvimento considera “relativamente baixa” quando comparada com outras cidades europeias. Em nota de imprensa, o INESC TEC admite que estes sistemas ainda não são “suficientemente atractivos para as empresas” devido, por um lado, ao “preço do serviço” e, por outro, a “problemas de gestão da frota”. São estes os desafios que o algoritmo proposto pela instituição portuguesa, em parceria com a Universidade de Coimbra, se propõe a resolver com o projecto Siu-SMS – Smart inter(urban) shared mobility systems.

O algoritmo em desenvolvimento propõe uma “abordagem dinâmica na definição de preços”, prevendo a redução dos custos operacionais inerentes às operações de relocalização e equilíbrio dos sistemas para fazer face à procura dos veículos partilhados. Através do aumento e redução dinâmicos dos preços praticados, o algoritmo deve contribuir para “distribuir os veículos pelos locais que mais interessam aos utilizadores”, aumentando o utilização dos veículos, explica Beatriz Oliveira, investigadora no INESC TEC e professora auxiliar convidada na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

Tendo por base “técnicas matemáticas e de decomposição, modelação de procura e comportamento do utilizador, bem como ferramentas de simulação de cenários para lidar com a incerteza”, o objectivo final é o aumento do lucro das empresas que gerem os sistemas de partilha de automóveis nas cidades e o aumento da utilização destes sistemas.

A aplicação do algoritmo pode também vir a contribuir para a existência de frotas mais pequenas e eficientes, promovendo uma menor ocupação do espaço público pelos automóveis afectos aos sistemas de car sharing e actuando, também, “na componente ambiental da mobilidade”, assegura Masoud Golalikhani, investigador no INESC TEC e estudante de doutoramento. O investigador refere “estudos recentes na cidade de Lisboa” para mostrar o potencial do algoritmo: “a utilização de preços dinâmicos neste mercado, isto é, preços que são flexíveis de acordo com a procura ou a concorrência, mostrou que esta técnica pode aumentar o lucro diário das empresas de car sharing até seis vezes com uma frota menor”.

Findo o projecto de desenvolvimento deste algoritmo, o passo seguinte passará, segundo o INESC TEC, pela “integração destes sistemas noutros modelos de transporte, tais como o transporte intermodal de passageiros”.

O projecto Siu-SMS teve início em Julho de 2018 e deverá terminar em Julho de 2021, tendo recebido 220 mil euros de financiamento do programa Portugal 2020.