Depois de Graz, Viena e Oslo, é a vez de Lisboa receber a Urban Future Global Conference (UFGC) . O “maior evento europeu para cidades sustentáveis” vai espalhar-se pela cidade, de 1 a 3 de Abril, ocupando quatro pontos emblemáticos da capital. Com vista para o rio, a conferência reúne-se no LX Factory, mas vai também subir ao centro da cidade para o Museu Calouste Gulbenkian, o Pavilhão Carlos Lopes e a Estufa Fria. Com a conferência, chegam a Lisboa vários agentes de mudança nas cidades. Mario Raimondi, Jennifer Keesmaat, Mikael Colville-Andersen, Maria Vassilakou e Johan Verlinde são alguns dos nomes que vão marcar presença neste encontro.
Mobilidade, água, bairros e liderança. Os temas da UFGC mudam ligeiramente de ano para ano e, nesta edição, serão estes os quatro pontos orientadores da discussão em torno das cidades do futuro e das mudanças que estas terão que promover, seja para responder aos desafios da acção climática, seja para melhorar a qualidade de vida de todos os que fazem das cidades casa. Revitalizar bairros, aumentar a eficiência no uso da água e transformar o modo de deslocação de pessoas e bens dentro das cidades – estes são os desafios do agora e que as cidades têm de enfrentar.
Para os discutir, apresentar as melhores práticas e desenvolver novas soluções, a organização convidou líderes da transformação urbana. Durante três dias, activistas, representantes de municípios de todo o mundo, start-ups, organizações não governamentais, investigadores, arquitectos e urbanistas vão fazer de Lisboa casa, colocando as pessoas no centro e o seu potencial transformador no comando do desenho das cidades do futuro.
CityChangers – ou, em português, transformadores urbanos – são “todos aqueles que trabalham em prol de cidades amigas do ambiente”. É assim que Gerald Babel-Sutter, fundador e director executivo da UFGC e também responsável pela programação da conferência, descreve os oradores que vão estar presentes no evento, em Lisboa. “Não interessa de onde vêm, com quem trabalham ou qual a sua posição, o que os une é a sua paixão por criar uma cidade melhor”, acrescenta. A programação da conferência passa toda por ele e são estes agentes, tal como os descreve, que Gerald Babel-Sutter procura para liderar a discussão.
“Precisamos de pessoas assim, porque, sem elas, não seria dado um único passo na direcção certa”. Os CityChangers têm “uma visão de uma cidade melhor, a coragem de ter conversas inconvenientes e a habilidade de inspirar outros. Temos visto que as pessoas precisam de espaço para trocar as suas histórias, partilhar o que resultou e o que não resultou”.
“Podemos ter as tecnologias apropriadas para tornar as nossas cidades mais sustentáveis, os carros menos poluentes e as casas mais eficientes do ponto de vista do consumo energético, mas precisamos de convencer os outros a não usar [os carros] ou a criar soluções alternativas ainda melhores para os desafios que hoje enfrentamos”, conta Gerald Babel-Sutter à Smart Cities.
O fundador da UFGC pega no exemplo da mobilidade: “Tipicamente, a melhor forma de reduzir emissões e problemas de estacionamento nas cidades é tirar as pessoas dos seus carros”. E alguns responsáveis autárquicos dão a resposta: “melhoram o transporte público, criam melhores infra-estruturas cicláveis e tentam promover as deslocações a pé e de bicicleta”. Mas nem todos o fazem. Para o responsável da conferência, estas são tarefas que requerem pessoas capazes de “convencer os outros a mudar o seu comportamento”, dando o exemplo da ex-vice-presidente da câmara municipal de Viena e também oradora da conferência, Maria Vassilakou. A ex-autarca foi responsável por “introduzir o sistema de transporte público de um euro [diário]”, mas também investiu em ciclovias e “fechou ao trânsito a maior rua comercial” da cidade. “Não foi canja, não aconteceu do dia para a noite”, e quando as mudanças que promoveu começaram a dar resultados, “já outras pessoas estavam no poder”. Mas “sabemos a quem agradecer: entre outros, à Maria Vassilakou e à sua equipa que entrou em conversas sem fim perante pessoas que lhes explicavam por que não iria resultar”, conta Gerald Babel-Sutter. “Bem, resultou”.
O programa completo do evento pode ser consultado aqui.
A Smart Cities junta-se à conferência enquanto media partner.
Foto: ©André Carvalho