Uma equipa de investigadores do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) desenvolveu um método inovador para garantir a autenticidade de rações e alimentos à base de insetos, ao assegurar a qualidade e segurança na cadeia alimentar.
O estudo foi publicado no Journal of Food Composition and Analysis e foi desenvolvido no âmbito do projeto Pep4Fish, que explora soluções nutricionais inovadoras para dietas de robalo e dourada de aquacultura, baseadas em subprodutos alimentares.
Com a crescente procura por fontes alternativas de proteína, como os insetos, “o risco de fraude e rotulagem incorreta tem aumentado, levantando preocupações sobre a segurança alimentar”, refere a equipa de investigadores em comunicado.
Para enfrentar este desafio, os investigadores criaram um teste de PCR em tempo real que identifica com precisão duas espécies de insetos amplamente utilizadas na produção de alimentos: a larva de farinha e mosca-soldado-negra.
O novo método destaca-se pela sensibilidade, “uma vez que é capaz de detetar níveis muito baixos de DNA dessas espécies, mesmo em produtos processados e complexos como rações para aquacultura ou hidrolisados proteicos (proteínas parcialmente digeridas em pequenos fragmentos, tornando-as mais fáceis de absorver pelos organismos).” O teste tem capacidade para identificar inclusões de apenas 0,24% destas espécies nos produtos analisados, o que garante a autenticidade mesmo em formulações processadas.
Este avanço é especialmente relevante para a indústria de rações e alimentos, uma vez que a União Europeia tem promovido o uso de insetos como fonte sustentável de proteína, tanto para consumo humano como para alimentação animal. Por outro lado, a falta de ferramentas confiáveis para verificar a composição desses produtos tem sido uma barreira para a adoção mais ampla.

De acordo com os investigadores, este protocolo de autenticação não só protege os consumidores e produtores, mas também fortalece a confiança na cadeia de valor de alimentos inovadores à base de insetos, o que contribui para uma aquacultura mais sustentável e segura.
O trabalho integra-se no projeto Pep4Fish, desenvolvido no âmbito do Pacto da Bioeconomia Azul e financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). O projeto foca-se na exploração de soluções nutricionais inovadoras, utilizando subprodutos de origem animal, como peixes, aves e suínos, bem como recursos alternativos, como insetos. O objetivo é desenvolver dietas inovadoras para robalos e douradas que promovam simultaneamente a saúde dos peixes e a qualidade nutricional para o consumo humano, contribuindo para a redução do desperdício alimentar.
O estudo, publicado no Journal of Food Composition and Analysis, uma revista científica de elevado impacto na área da ciência alimentar, é assinado por Andreia Filipa-Silva, Thaise Martins, Maria J. Mota, André Almeida, Daniel Murta, Luísa M.P. Valente e Sónia Gomes.
Liderado pelo Grupo ETSA, o projeto Pep4Fish conta com a participação de nove parceiros, incluindo centros de pesquisa e empresas: AgroGrIN Tech, B2E – CoLAB para a Bioeconomia Azul (B2E CoLAB), CIIMAR, ITS – Indústria Transformadora de Subprodutos (ETSA); Seaculture (Jerónimo Martins), Savinor e Sorgal (Soja Portugal), Sebol (ETSA) e Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa.