É a terceira vez que concorre e a segunda em que integra a shortlist da corrida ao título de Capital Verde Europeia. A cidade de Guimarães volta a estar no pódio da distinção da União Europeia, depois do município ter decidido “alterar a história ambiental de Guimarães”.

Desde 2013 que a autarquia implementou um novo ecossistema de governança e começou a pensar as políticas públicas em torno da sustentabilidade. Embora o grande objetivo a longo prazo seja conquistar o título de “uma cidade de um planeta”, em 2050, com uma transformação dos cidadãos, dos negócios e da economia em torno da sustentabilidade, o município traçou vários objetivos intermédios, entre eles a obtenção do título de Capital Verde Europeia. 

A primeira candidatura foi apresentada em 2017, mas há dez anos que Guimarães trabalha a temática da sustentabilidade em todos os eixos de atuação pública e privada. “Esta candidatura resulta de um processo de alteração da história ambiental. Tem havido um grande investimento, não só na criação de infraestruturas, mas também na capacitação dos técnicos municipais e na aproximação do cidadão a todo este processo. Desde que Guimarães integrou a missão das cidades, deu-se a inclusão do setor privado, dos negócios e da indústria nesta jornada climática”, começa por explicar Isabel Loureiro, coordenadora da candidatura de Guimarães a Capital Verde Europeia.

O painel de sete especialistas, que avaliou o lote inicial das cidades concorrentes a Capital Verde Europeia, valorizou o desempenho das três cidades finalistas, entre elas Guimarães, em sete parâmetros ambientais: qualidade do ar; qualidade da água e eficiência; biodiversidade, áreas verdes e uso sustentável do território; desperdício e economia circular; poluição sonora; desempenho energético e mitigação das alterações climáticas; e adaptação às mesmas.

Importância do setor privado 

De acordo com o júri, o município de Guimarães destacou-se pela promoção de um ciclo de água mais sustentável e pelas práticas de gestão de resíduos, mas a coordenadora da candidatura acredita que o segredo está na maturidade do novo ecossistema de governança e do envolvimento do setor privado. “Guimarães é uma cidade bastante industrializada, portanto seria de todo oportuno desenvolver mecanismos para começar a envolver o setor privado, fazendo com que eles alinhassem as suas metas rumo ao objetivo da neutralidade carbónica”, afirma Isabel Loureiro. 

O município de Guimarães instituiu o Pacto Climático 2030 com o objetivo de envolver os cidadãos, empresas e instituições numa ação colaborativa para a descarbonização do território. Mais de 100 empresas já subscreveram o pacto e estão a desenhar formas de mitigar os problemas ambientais, em parceria com o município. “Nunca seremos Capital Verde Europeia sem o compromisso da população e das empresas. O que estamos a fazer é mostrar que o Sul da Europa está comprovadamente a mostrar que aqui também se trabalha a sustentabilidade ambiental”, acrescenta Adelina Pinto, Vice-presidente da Câmara Municipal de Guimarães em entrevista à Smart Cities. 

Guimarães concorre pela terceira vez a Capital Verde Europeia

Para além do envolvimento da sociedade civil, fundamental no processo de descarbonização das cidades, a autarca destaca o caminho traçado pelo município. “O grande caminho que fizemos foi colocar os princípios ambientais em todas as nossas formas de atuação, seja na educação, na área social, na cultura ou no desporto. A nossa diversidade nas políticas públicas é cada vez maior”, diz. 

⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠A Capital Verde Europeia, iniciada em 2010 pela Comissão Europeia, promove cidades sustentáveis, ao reconhecer anualmente uma cidade “líder nos padrões ambientais e metas ambiciosas de sustentabilidade urbana e combate às alterações climáticas”. Este ano a cidade vencedora será conhecida entre outubro e novembro, em data ainda a anunciar. 

Para além de um troféu, a cidade vencedora recebe 600 mil euros que servirão para apoiar ações-chave nas áreas de indicadores ambientais e a organizar eventos de escala internacional de sensibilização dos cidadãos.