Um grupo de trabalho da organização ambientalista GEOTA alerta para os impactes ambientais e sociais cumulativos que podem resultar da instalação de quatro centrais fotovoltaicas de grandes dimensões na zona de Alqueva, no Alentejo. A proteção dos solos, linhas de água e a paisagem estão entre as preocupações. 

Através de um comunicado enviado à Smart Cities, o Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) considera que os riscos ambientais não são “adequadamente considerados” nos estudos de impacte ambiental. 

Na nota, revelam ainda que “parece haver falta de planeamento estratégico e pouca clareza sobre a viabilidade técnica da utilização do ponto de injeção na rede de transporte de eletricidade da barragem do Alqueva para uma capacidade solar total que é mais do dobro da capacidade de injeção”. 

Segundo a organização ambientalista, são quatro as centrais em fase de licenciamento. A da Sobreira de Baixo terá uma potência instalada de 242 MW (megawatts) e uma área de 445 hectares, e a do Alqueva terá uma potência instalada de 432 MW, num terreno de 570 hectares. 

A central de Cristovão Colombo I terá uma potência instalada de 474 MW e ocupará um terreno com 895 hectares, e a flutuante, com uma potência instalada de 84 MW numa superfície com 250 hectares e que inclui uma potência eólica de 70 MW. 

Caso todos os projetos avancem, as centrais ocuparão uma área total de cerca de 1700 hectares, o que irá implicar o abate de 460 azinheiras e 22 sobreiros adultos. “O elevado número de centrais solares propostas para o Alqueva, 1,23 GW e 1700 hectares, levanta questões sobre a viabilidade técnica para a sua implementação e sobre os impactes cumulativos no ambiente e comunidades locais. Falta um planeamento integrado que olhe para estes projetos no seu conjunto e defina medidas para mitigar os seus impactes negativos e promover a melhoria das condições ecológicas nas zonas afetadas”,  refere Miguel Macias Sequeira, vice-presidente do GEOTA, no comunicado. 

Por outro lado, de acordo com o GEOTA, os projetos apresentam “poucas contrapartidas para a socioeconomia local, incluindo ao nível de geração de emprego”, pois estão previstos “apenas dois empregos diretos no caso da central da Sobreira de Baixo e quatro na central do Alqueva”.

“O GEOTA urge os promotores a aumentarem a sua ambição na redução dos impactes das centrais e na sua compensação, por exemplo, reduzindo a dimensão da área afetada pela central, aumentando a área a reflorestar”, é descrito no comunicado. 

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