Para Portugal capturar os gases libertados na atmosfera pelos inaladores pressurizados, usados no tratamento de doenças respiratórias como a asma, seria necessário plantar 1,3 milhões de árvores por ano. 

Os dados são de um artigo divulgado esta terça-feira pela Ordem dos Médicos e indicam que a pegada carbónica dos inaladores pressurizados prescritos em Portugal foi estimada em mais de 30 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2), o equivalente a cerca de 0,84% das emissões totais do setor da saúde no país e a aproximadamente 95% do total de emissões dos inaladores.   

O documento, publicado na Acta Médica Portuguesa, refere que “o impacto carbónico destes dispositivos equivale à pegada de 150 viagens transatlânticas entre Londres e Nova Iorque, e seria necessário plantar anualmente mais de 1,3 milhões de árvores para capturar estes gases da atmosfera”. 

No artigo, com coassinatura do Conselho Português para a Saúde e Ambiente, são referidas uma série de recomendações para reduzir o impacto ambiental dos inaladores em Portugal. As várias sociedades médicas recomendam a prescrição de inaladores de pó seco, a aplicação de estratégias de incentivo à devolução de dispositivos usados nas farmácias e ao seu reaproveitamento e a introdução nas plataformas de prescrição de um mecanismo de alerta sobre a pegada ecológica de cada inalador, com um sistema de cores.

Um inquérito realizado a 348 médicos, no âmbito da elaboração do artigo, revelou que mais de 70% dos clínicos não têm em conta os aspetos ambientais no ato da prescrição de inaladores, embora metade assuma conhecer a pegada ambiental dos dispositivos.

O texto sublinha, a este propósito, que “os profissionais de saúde têm o dever ético de participar ativamente na luta contra as alterações climáticas e a degradação ambiental, e pela redução da pegada ecológica do setor da saúde, não só como cuidadores, mas também como ‘defensores’ dos doentes”.

O artigo teve o contributo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, da Sociedade Portuguesa de Pediatria, da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar e da associação de doentes Respira.

Criado em 2022, o Conselho Português para a Saúde e Ambiente é uma organização não-governamental que visa “defender a necessidade do setor da saúde de reduzir a sua pegada ecológica”.

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