Poderão o avanço tecnológico e a inteligência artificial tirar-nos o emprego? Ou quais serão os seus impactos no mercado de trabalho? Estas foram algumas das questões que estiveram em discussão em Viseu, numa conferência que marcou a inauguração do Campus Softinsa, do grupo IBM, instalado no Instituto Politécnico de Viseu (IPV).

A sessão, que decorreu no passado dia 15 de Dezembro, juntou mais de uma centena de estudantes e personalidades da vida política, económica, científica e académica e contou com o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, que presidiu à sessão de encerramento.

António Almeida Henriques, presidente da câmara municipal de Viseu, destaca a importância da instalação do novo centro de inovação da IBM/Softinsa na cidade, como “factor de inteligência, emprego e riqueza, em áreas de grande futuro, como as soluções de cloud e de smart cities”, acrescentando, ainda, a “conquista de um selo poderoso na atractividade” da região.

A possibilidade de a inteligência artificial vir a acabar com algumas profissões foi discutida na conferência organizada pela IBM, sob o mote “O Impacto da Inteligência Artificial na Sociedade – Que futuro com o IBM Watson”. Para Costas Bekas, investigador dos laboratórios da IBM Research em Zurique, os novos sistemas de computação cognitiva “não chegaram para substituir as pessoas, mas sim para as libertar de algumas funções, dando-lhes tempo e espaço para  desenvolverem as suas reais competências”.

A multinacional norte-americana entende que “o futuro passa pela computação cognitiva, em que os sistemas não são programados”, mas “compreendem, raciocinam e aprendem”, formulando hipóteses e oferecendo “respostas com um elevado nível de confiança, sendo sistemas que escalam a inteligência, o conhecimento e a experiência humana, em vez dos que tentam apenas replicá-los”. Segundo António Raposo de Lima, presidente da empresa em Portugal, o IBM Watson, solução de inteligência artificial da IBM, representa o “expoente máximo desta nova era cognitiva”.

O poder da transformação digital nas empresas, no meio académico e, em geral, na sociedade, foi o tema central do encontro que marcou a inauguração do Campus Softinsa, que vai funcionar no IPV, dedicando-se à formação de recursos a incorporar no Centro de Inovação Tecnológica da IBM em Viseu, recentemente inaugurado pelo presidente da República.

Para Fernando Sebastião, presidente do politécnico de Viseu, este é um momento “muito importante para a comunidade académica do IPV”, e para a própria instituição, que “reforça a ligação com a sociedade e o tecido empresarial”, mas também para a IBM, “pelo facto de ter acesso ao sistema científico do Instituto e à possibilidade de recrutamento de recursos humanos qualificados”.

Também o ministro Manuel Heitor realçou a importância da ligação entre actores económicos, autarquias e instituições de ensino, declarando que esta parceria, que une câmara municipal de Viseu, IPV e grupo IBM, “é um exemplo claro de sucesso que necessita ser replicado”.