Estamos numa encruzilhada. O mundo sempre teve desafios, mas, talvez, com exceção dos momentos mais quentes da Guerra Fria, nunca como hoje vivemos uma situação tão globalmente delicada. Para além das tradicionais lutas pelo poder e grandes cruzadas político-ideológicas (e também novamente religiosas), surge, no final do século passado, o que muitos acreditam ser o maior desafio alguma vez enfrentado pela humanidade: as alterações climáticas. Acresce ao problema que algumas das tradicionais lutas de poder estão já a ser potenciadas pelos efeitos das alterações climáticas, havendo, por exemplo, quem defenda que é esta a raiz dos problemas na Síria.
A acumulação de gases com efeito de estufa na atmosfera tem diversas fontes, estando uma das maiores relacionada com o nosso sistema energético e a sua grande dependência de combustíveis fósseis. É, portanto, inescapável a necessidade de repensar o nosso sistema energético e avançar para a sua essencial descarbonização.
Esta descarbonização (tendo de ser global) está, no entanto, longe de ser algo trivial de conseguir. Por um lado, os grandes blocos económicos combatem pela competitividade e consequente bem-estar económico e social, mas, por outro, são confrontados com a urgência de escolhas difíceis no sistema energético. Essas escolhas, apesar de poderem comprometer no imediato essa tão elusiva competitividade, apresentam-se como essenciais, sob pena de não conseguirmos travar as alterações climáticas antes que atinjam proporções totalmente catastróficas.
Como balancear, então, a competitividade com a sustentabilidade?
Um lado é o lado político, no qual negociações infindáveis e frágeis acordos nos têm trazido na direção certa, mas infelizmente demasiado devagar. O outro lado… um lado mais orgânico, no qual, pouco a pouco, surgem avanços que nos vão levando também no sentido certo. Geração renovável, eficiência, “smart”-tudo… À medida que todo o sistema se torna mais complexo, cada vez há mais espaço para a inovação e felizmente cada vez mais talento se dedica a essa inovação.
Desde os mais discretos “geeks” a Elon Musk, que regularmente rompe com todos os preconceitos e nos enche de esperança, hoje, mais do que nunca, o empreendedorismo tecnológico tem-se tornado sexy para uma geração de pessoas muito bem formadas, cujo impacto do trabalho que produzem na sociedade é das coisas que mais as motiva.
Pela pertinência do que fazem e também pela paixão que estas pessoas colocam no seu trabalho, cada vez mais as grandes empresas (e também as energéticas) se abrem ao exterior e forjam novas alianças para assim conseguirem beneficiar de uma enorme onda de talento independente, cada vez mais adaptada a trabalhar em simbiose.
“Hoje, mais do que nunca, o empreendedorismo tecnológico tem-se tornado sexy para uma geração de pessoas muito bem formadas, cujo impacto do trabalho que produzem na sociedade é das coisas que mais as motiva”.
Portugal é um ótimo exemplo de tudo isto! Jovens empreendedores desenvolvem as suas ideias alavancando-se numa rede cada vez maior e melhor de programas de apoio, incubadoras, conselheiros, investidores e – de essencial importância – clientes! Importa também referir o bom exemplo do trabalho de algumas universidades, que cada vez mais reconhecem o empreendedorismo como uma excelente opção para alguns alunos e, assim, os preparam também nesse sentido.
Efetivamente apesar de cada vez mais as empresas em Portugal nascerem globais é bom verificar que, para os primeiros passos, Portugal oferece hoje tudo ao nível dos melhores. Tanto assim é que até já conseguimos também atrair novas empresas de fora do país e que naturalmente não viriam para cá se o nosso ecossistema empreendedor não fosse tão competitivo.
No âmbito do meu trabalho de estímulo à inovação e empreendedorismo no sector da energia, tenho o enorme prazer de trabalhar todos os dias com brilhantes empreendedores e estou seguro de que, à medida que estes casos se tornem cada vez mais bem-sucedidos e conhecidos, este será o caminho escolhidos por mais jovens em busca de uma causa para aplicar os seus talentos e incrível energia. É vital atrair mais talento para este espaço!
Mas este lado mais orgânico é também ele lento e tempo é coisa que não temos, portanto, hoje, mais do que nunca, importa entender que só vamos conseguir vencer este desafio se todos trabalharmos com grande proximidade e alinhamento, colocando o máximo de energia neste caminho para a eficiência e para a descarbonização. É neste espaço que a InnoEnergy se move e é precisamente por sermos um elemento de ligação de diferentes mundos que estamos otimistas.
O sucesso não virá de uma solução milagrosa, mas sim de uma enorme evolução transversal, em incontáveis frentes, ao longo de toda a cadeia de valor. Estamos a ver uma evolução como nunca, pautada de diversidade, inovações incrementais, lado a lado com inovações disruptivas, todas elas a contribuir para mudar o nosso mundo rumo a um futuro mais sustentável, mas inevitavelmente mais diverso e complexo. E isso é ótimo, pois gera enormes oportunidades!