Energia, mobilidade e infraestruturas são questões centrais do projeto Sharing Cities, programa da União Europeia que, até 31 de dezembro de 2020, irá transformar Lisboa numa capital bastante mais sustentável através da integração das mais avançadas tecnologias e ferramentas digitais. Estes e outros temas estarão em destaque na 4ª Conferência “Cidades Inteligentes – Cidades do Futuro”, que se realiza já no próximo dia 30 de Novembro, no Fórum Picoas, em Lisboa, e que é organizada pela Lisboa E-Nova, a Agência de Energia e Ambiente de Lisboa.

Através do programa Sharing Cities pretende-se aproximar os cidadãos e as empresas das tomadas de decisão do município nas grandes questões da mobilidade, poluição e energia. O programa articula-se em torno de três grandes eixos:  Pessoas, Plataformas digitais e Lugares/Infraestruturas.

Para a cidade de Lisboa este último Eixo tem importância decisiva. Além de ser o pacote com maior financiamento de todo o programa Sharing Cities, as iniciativas em seu redor, inclusive as que afectam as outras duas cidades-farol do programa, Londres e Milão, são geridas pela Lisboa E-Nova. Todas as medidas emblemáticas dos vários eixos serão executadas na cidade, até 31 de dezembro de 2018, com o centro da capital, principais sítios históricos e turísticos incluídos, como área de demonstração estratégica.

O Eixo dos Lugares concretiza-se em redor de quatro grandes temas: os sistemas de gestão energética sustentável, a requalificação energética de edifícios, os postes de iluminação inteligentes e a mobilidade eléctrica. Objetivos deste último: reduzir drasticamente as emissões de gases com efeito de estufa e de poluentes atmosféricos locais através da partilha dos modos de transporte e do recurso crescente a energias não-fósseis, e baixar os níveis de ruído urbano. Em Lisboa, os serviços da autarquia irão ter à disposição várias dezenas de carros eléctricos em sistema de partilha corporativa. O uso de bicicletas é outra questão cara aos especialistas da gestão urbana sustentável. Neste campo, o programa Sharing Cities tinha previsto inicialmente um esquema de 30 e-Bikes em duas estações. Contudo, o plano já está ultrapassado. O número de bicicletas eléctricas a disponibilizar deverá ser muito maior e atingir cerca de 500, a parquear em 26 estações, face às duas inicialmente previstas. As frotas logísticas a operar na autarquia também irão sofrer adaptações, crescendo significativamente a quota de veículos eléctricos com a ajuda do co-financiamento europeu. No final do período de desenvolvimento do projeto Sharing Cities, em 2018, outras frotas além da camarária estarão equipados com viaturas eléctricas, designadamente as da EMEL, Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa, e da EDP. O principal equipamento de carregamento de carros eléctricos, com um ponto de carregamento rápido (50 kW) e dois semi-rápidos (22 kW), ficará instalado no Marquês de Pombal.

A iluminação pública da cidade é outra componente importante do Eixo dos Lugares. E será melhorada com a colocação de postes inteligentes. Estes equipamentos ficarão equipados com tecnologia LED, sensores meteorológicos, de qualidade do ar, de captação de ruído e dipositivos de wifi. O sistema permite, por exemplo, ajustar as intensidades da luz em função do volume de pessoas e de tráfego local. Pretende ainda, ajudar o município na tomada de decisão sempre que os níveis de poluição do ar e de ruído atinjam determinados níveis.
Ainda em Lisboa, no que toca aos temas da requalificação de edifícios e dos sistemas da gestão de energia, e ainda no Eixo dos Lugares, destacam-se as intervenções em 248 apartamentos de um conjunto de blocos de habitação social pertencente à autarquia, com uma área de 15 000 metros quadrados. Parte do plano passa pelo isolamento de fachadas e telhados. Está também prevista a colocação de envidraçados energeticamente eficientes, iluminação LED e sensores para obtenção de dados energéticos. Entretanto, junto à praça do município, estão já a decorrer obras nos 5000 metros quadrados disponíveis do antigo edifício do BPI, onde funcionarão serviços da autarquia. No piso térreo, ficará instalado o Show Room do projeto Sharing Cities e o edifício deverá contar com requalificação das fachadas e sistemas fotovoltaicos nas coberturas. Serão também colocados sensores de energia com capacidade de gerir e controlar em tempo real os fluxos de electricidade de acordo com as necessidades do edifício e dos seus utilizadores. A PME Reabilita irá intervir na reabilitação sustentável de edifícios residenciais situados na zona histórica, aplicando um modelo de negócio inovador, que se pretende replicável nas restantes cidades seguidoras.
Lisboa, Londres e Milão são as três cidades-farol do programa Sharing Cities dotado, pela União Europeia, com uma verba de perto de vinte e cinco milhões de euros. Prevê-se que o investimento total venha a atingir os 500 milhões de euros e a envolver 100 cidades europeias. O consórcio promotor integra 35 parceiros, entre os quais a Câmara Municipal de Lisboa; a Lisboa E-Nova; a EMEL; o Instituto Superior Técnico; a Reabilita Lda.; o CEiiA, Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel; a EDP Distribuição; e a AlticeLabs.


Conferência “Cidades Inteligentes – Cidades do Futuro”: O Sharing Cities em grande destaque

No dia 30 de novembro, a 4ª Conferência “Cidades Inteligentes – Cidades do Futuro” apresentará ao público e aos especialistas muitas das grandes questões de desenvolvimento e gestão urbana sustentável levantadas pelo projecto Sharing Cities.

O painel de abertura será dedicado às “Cidades e comunidades inteligentes” e traz para debate questões como a Web Summit, a tecnologia e as smart cities; a construção de cidades inteligentes para o futuro; e o projeto Sharing Cities. A sessão conta com intervenções de Paulo Carvalho e Rui Franco da Câmara Municipal de Lisboa, Graham Colclough, da UrbanDNA, e Miguel Águas, da Lisboa E-Nova.

Ainda antes da hora de almoço, espaço para o painel “Gestão Inteligente das nossas Cidades”. Oportunidade para conhecer as mais recentes experiências e propostas de especialistas como Peter Simpson, do Hertfordshire Country Council, e Vitor Vieira, da Câmara Municipal de Lisboa, para a iluminação pública inteligente e para a gestão electrónica de resíduos. Em cima da mesa, estarão também a gestão de tráfego e os modos suaves, apresentados por Miguel Rodrigues, da Siemens, e uma proposta de estratégia para Smart Cities, por conta de Filipe Cabral Pinto, da AlticeLabs.

A tarde está guardada para a apresentação de projectos e aplicações assentes em tecnologias de ponta e ferramentas digitais. Gil Nadais, presidente da Câmara Municipal de Águeda, mostra o trabalho da autarquia no desenho de projetos e ações para uma cidade inteligente. Em destaque, ainda, a análise da gestão urbana com recurso a grandes massas de dados; uma proposta de modelo energético renovável nas cidades do amanhã; os desafios e questões da governação urbana inteligente; e o papel da universidade e das empresas na aceleração do uso das novas tecnologias. Além do autarca da região de Aveiro, o debate, conta ainda com representantes da NovaBase, da Cooperativa Copérnico, da Nova Information Management School, da Building Global Innovators, da Watt-Is, da Brain-e e da Universidade das Nações Unidas.