Os desafios da mobilidade que existem nas cidades de hoje são muito variados. Centrada no automóvel privado, a mobilidade das cidades tornou-se um problema complexo ao longo dos tempos. Dados do TomTom Congestion Index indicam que, nos tempos atuais, o congestionamento rodoviário piorou em 86% das cidades europeias.
Esta total dependência do carro como meio primordial de transporte teve impactos preocupantes na sociedade. Além do tempo perdido no trânsito, os níveis de CO2 nas cidades são uma questão de saúde pública. A Organização Mundial de Saúde aponta para 7 milhões de mortes prematuras, a nível mundial, devido à poluição do ar. De uma perspetiva de planeamento urbano, o carro é o rei da cidade e, segundo a UN Habitat, ocupa o dobro da área dedicada a espaços públicos.
As cidades estão a preparar-se para responder a essas mudanças com a introdução de fontes de receita inovadoras. Taxas e licenças podem, por um lado, alterar o comportamento das pessoas para atitudes de mobilidade mais sustentáveis e, por outro, garantir o equilíbrio financeiro dos sistemas de transportes.
Os desafios da mobilidade do futuro para as cidades são intrinsecamente multissectoriais. A indústria automóvel terá de se reinventar, uma vez que se prevê uma redução muito significativa de proprietários de automóveis (os dados indicam que apenas 10% das pessoas irá possuir um automóvel em 2040). Por sua vez, 80% dos quilómetros serão efetuados em serviços de mobilidade partilhados.

Estas alterações terão impactos significativos num pilar fundamental da mobilidade e da sustentabilidade das cidades: o financiamento das infraestruturas e dos serviços de transporte público.
O aparecimento dos veículos elétricos ou movidos por outras energias limpas, o desenvolvimento dos veículos autónomos e a revolução digital – com a massificação da economia da partilha – trazem ainda mais complexidade à equação do financiamento.
A maioria dos governos depende da receita gerada, direta e indiretamente, pelos veículos conduzidos por humanos e com tração a combustíveis fósseis. Impostos sobre combustível, taxas de estacionamento, multas por infrações de trânsito, impostos sobre compras de veículos e taxas de registo e licenciamento, geram receitas para manter as infraestruturas e financiar os transportes públicos.
Com a alteração dos serviços de mobilidade e do modelo de propriedade dos veículos, os governos e as cidades precisarão de procurar novas fontes de receita. Estas poderão passar por taxas de congestionamento de tráfego rodoviário, taxas com base na utilização de serviços partilhados, pela monetização dos dados de mobilidade das cidades ou pelo aparecimento de parcerias público-privadas inovadoras que gerem novos cenários de sustentabilidade.
As cidades estão a preparar-se para responder a essas mudanças com a introdução de fontes de receita inovadoras. Taxas e licenças podem, por um lado, alterar o comportamento das pessoas para atitudes de mobilidade mais sustentáveis e, por outro, garantir o equilíbrio financeiro dos sistemas de transportes.
Aproveitando o crescente número de utilizadores de serviços partilhados, a cidade de Chicago decidiu implementar uma tarifa por cada utilização desses serviços. A taxa representará um total de 16 milhões de dólares em 2018 que serão investidos na manutenção das linhas férreas da cidade.
Em suma, são enormes os desafios do futuro da mobilidade para as cidades. Um deles, e talvez dos mais importantes, será o do financiamento. No entanto, são também enormes as oportunidades desta mobilidade do futuro. Com o avançar da tecnologia e com o aparecimento de serviços inovadores é possível ambicionar que cada vez mais pessoas consigam mover-se de forma mais eficiente, limpa, confortável e económica.
As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Smart Cities.