“Democratizar o acesso dos territórios às auto-estradas da informação” é, para António Almeida Henriques, vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e responsável pela Secção Smart Cities desta entidade, a próxima prioridade para alavancar o desenvolvimento dos territórios nacionais. A ANMP foi ontem distinguida com o Prémio Smart Cities 2018, atribuído pelo Conselho Estratégico do Portugal Smart Cities Summit, evento que tem lugar, até amanhã, em Lisboa.
Para Almeida Henriques, o evento revela uma “convergência de esforços em torno do conceito de smart cities do país” e a prova de que existe hoje um “cluster emergente, que está a surgir naturalmente e que cria grandes oportunidades para os territórios”, integrando os municípios, a academia e a indústria, e que pode “ajudar a combater as assimetrias”.
Inteligência e acesso às auto-estradas da informação são os instrumentos necessários para tornar isso possível, afirma o responsável, enfatizando a urgência de um plano nacional de cobertura para os territórios de baixa densidade. “A acessibilidade digital é hoje uma necessidade básica, ninguém se fixa num território em que não haja acesso à internet ou telemóvel. Aí está como as políticas públicas têm de marcar a diferença”, explicou.
Também fundamental será o estímulo dos fundos comunitários, que pode “ser muito relevante para as estratégias integradas” destes territórios mas que, no caso do Portugal 2020, tem estado, considera Almeida Henriques, “desfasado da realidade do país”, dificultando a realização de projectos, por exemplo, entre municípios e consórcios. “Devia haver um programa, ainda dentro da reprogramação do quadro comunitário de apoio. Devia reforçar-se o apoio ao desenvolvimento das cidades nestas diferentes vertentes e com o reforço de verbas para o efeito, sobretudo se pensarmos no Portugal 2030, numa aposta seja muito em estratégias territoriais que fixem pessoas e criem valor e usem tecnologia”, esclarece.
“Temos de passar à prática na criação de valor nos territórios porque só há essa maneira de fixar pessoas: se [estas] tiverem emprego e [formas de] ganhar a vida. Isso faz-se com tecnologia, com a ruralidade, com a floresta, com a agricultura, pecuária, mas onde a tecnologia pode estar inserida”, disse Almeida Henriques, também presidente da câmara municipal de Viseu e que anunciou, ontem, a chegada, para 2019, do primeiro veículo eléctrico não tripulado do país, o Viriato.
Enquanto ANMP, Almeida Henriques reforçou a intenção de continuar a incentivar os municípios portugueses no caminho da inteligência urbana, com especial enfoque nos territórios de baixa densidade. Nesse sentido, a ANMP está a preparar três sessões no interior do país – Alentejo, Beiras e Trás-os-Montes – para o segundo semestre. O objectivo será “levar conhecimento e desmistificar” o conceito de smart cities, numa “oportunidade para combater a interioridade do país”.
“Os municípios portugueses estão a fazer uma interpretação de um conceito democrático de smart cities, não o confinando às grandes cidades. O facto de a Secção Smart Cities [ANMP] ter 136 municípios e representar mais de 50% da população diz que os municípios já estão nestas políticas de terceira ou quarta geração e estão a olhar para esta lógica de aplicação da tecnologia na óptica de melhorar a gestão dos recursos que têm disponíveis e ao mesmo tempo serem mais eficazes e traduzir-se toda esta utilização da tecnologia na melhoria da qualidade de vida das cidades”.
O Portugal Smart Cities Summit tem o selo da Green Business Week e decorre de 11 a 13 de Abril, em Lisboa, contando com espaço de exposição e três dias de conferências. Mais informações aqui.