Está oficialmente criado o Consórcio Europeu de Infraestruturas Digitais (EDIC, na sigla em inglês) do CitiVerse, um projeto que a Comissão Europeia diz ser “uma nova era no desenvolvimento cooperativo de cidades inteligentes, estabelecendo uma nova referência global nesta área”.

Este consócio integra 14 países europeus, entre eles Portugal, com o objetivo de fornecer soluções baseadas em inteligência artificial (IA) que ajudem a melhorar o planeamento urbano nas cidades, nomeadamente em matéria de gestão de tráfego, de energia e de água. Para isso, explica a União Europeia, o EDIC “desenvolverá tecnologias imersivas baseadas em mundos virtuais para transformar a forma como os cidadãos moldam as suas cidades e dialogam com as autoridades locais”.

Na prática, o grupo europeu vai desenvolver e aperfeiçoar gémeos digitais (digital twins) para cidades inteligentes, ou seja, modelos virtuais de cidade que utilizam dados e IA para criar simulações em tempo real. Estes dados podem incluir diversos fatores, como os níveis de poluição e de ruído, o trânsito ou as condições meteorológicas nos centros urbanos.

“Por exemplo, os habitantes terão acesso a visitas virtuais de melhorias planeadas na cidade”, bem como “ferramentas avançadas que permitirão às cidades modelar acontecimentos extremos e imprevisíveis, caso das recentes inundações na região de Valência. Estas ferramentas também ajudarão a identificar as condições para evitar tais acontecimentos”, diz um comunicado da Comissão Europeia. Foi, de resto, nesta cidade espanhola que aconteceu a sessão de lançamento deste consórcio europeu, realizada na semana passada.

“Uma rede de cidades inteligentes, formada por associações de cidades, está a estabelecer ligações com cidades de toda a Europa para dar a conhecer as oportunidades do CIED, que pretende integrar cerca de 100 cidades no prazo de dois anos e desenvolver uma plataforma comum para as tecnologias locais de gémeos digitais”, acrescenta a nota de impressa, lembrando que o objetivo é impulsionar as parcerias industriais e proporcionar soluções para os desafios comuns das cidades.

Esta iniciativa envolve um investimento superior a 80 milhões de euros, através do programa Europa Digital. As próximas fases do consórcio incluem a ligação de cidades com gémeos digitais existentes, a incorporação dos resultados de projetos de colaboração e o desenvolvimento de programas de formação em inteligência artificial.

Recorde-se que a União Europeia também já tinha anunciado a escolha de sete consócios para as primeiras fábricas de IA no território. Portugal participa numa delas, associada ao supercomputador MareNostrum 5, localizado em Barcelona, e adquirido numa parceria entre Portugal, Espanha e Turquia.

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