Quais os custos e benefícios da transição da mobilidade urbana? A resposta é avançada num estudo da EIT Urban Mobility, que avalia os impactos de diferentes estratégias para as cidades atingirem os objetivos do Pacto Ecológico Europeu em matéria de transportes.
O trabalho, intitulado “Costs and Benefits of the Urban Mobility Transition” (Custos e Benefícios da Transição da Mobilidade Urbana), apresenta três cenários possíveis de transição para 12 protótipos de cidades europeias. Qualquer um deles mostra que as medidas mais eficazes para reduzir as emissões, diminuindo a utilização dos carros privados, implica uma combinação entre melhores transportes públicos, mobilidade partilhada e restrições de acesso automóvel, como já acontece em várias cidades com as zonas classificadas de baixas emissões.
Além disso, embora acredite que os avanços tecnológicos possam permitir uma redução das emissões de CO2 em 21% até 2030, não deixa de alertar que para se atingir a meta dos 44%, como preconiza o Pacto Ecológico Europeu, será necessário tomar ações mais ambiciosas.
Estas medidas, diz a iniciativa do Instituto Europeu de Tecnologia e Inovação (EIT) poderão resultar, até 2030, numa redução das deslocações em carros particulares até 16%, bem como num aumento de 7% no número de passageiros em transportes públicos.
A transição para modos de transporte mais ativos, como as deslocações a pé ou de bicicleta, apresenta ao mesmo tempo uma potencial redução de 70% no número de vítimas mortais em acidentes de viação até 2050. Isto, também como resultado de infraestruturas mais seguras e de sistemas de transporte mais inteligentes.
Mas quanto poderá custar a transição da mobilidade urbana? Os autores do estudo calculam que seja necessário investir cerca de 1,5 biliões de euros, incluindo 500 mil milhões de euros para a implementação e gestão de diversas medidas de mobilidade sustentável. De qualquer forma, “embora estes custos sejam significativos, o documento destaca que os benefícios – como a redução das emissões de CO2, a melhoria da saúde pública e a redução de custos externos – vão permitir superar os gastos financeiros”, diz o EIT em comunicado. Por exemplo, é estimada uma poupança em saúde pública até 1170 euros (per capita), resultante, desde logo, da adoção de modos de vida mais saudáveis.
Para Maria Tsavachidis, CEO da EIT Urban Mobility, este relatório “sublinha a urgência de dar prioridade aos investimentos certos para uma mobilidade limpa, bem como o seu retorno positivo para a saúde e ambiente. Os transportes públicos aparecem como a solução mais acessível e inclusiva para reduzir as emissões de CO2. No entanto, esta transição não está isenta de desafios. Precisamos de um esforço coordenado a todos os níveis — desde a cidade ao continente europeu — para garantir que são realizados os investimentos necessários e que os cidadãos são envolvidos e apoiados durante esta transição”.
Em jeito de conclusão, o estudo defende que o transporte público é o “compromisso ideal” entre a redução das emissões de CO2 e a necessidade de investimento.
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