Já são conhecidos os vencedores da fase nacional dos World Summit Awards (WSA), iniciativa das Nações Unidas que premeia as melhores inovações digitais com impacto social positivo e alinhadas com o desenvolvimento sustentável. Os oito projectos portugueses seleccionados vão agora competir a nível global com as aplicações que integram as shortlists de outros cerca de 180 países.
Na semana passada, foi dada a conhecer a decisão do júri, liderado por Sandra Fazenda Almeida, directora da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), entidade que coordena a primeira fase de selecção para os WSA em Portugal, e pelo ex-ministro da pasta da Educação Roberto Carneiro. Para cada uma das oito categorias, foi escolhido o melhor projecto com base nos seguintes critérios: conteúdo (qualidade e abrangência), funcionalidade, design, tecnologia, inovação, impacto (local/social) e valor (contributo para os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável [ODS], relevância global, potencial).
Na categoria “Government & Citizen Engagement”, foi distinguido o projecto “Urban Platform”. Esta solução, assente na cloud, foi desenvolvida pela ubiwhere, empresa que actua na área das smart cities, com o propósito de fornecer aos governos locais uma visão holística e precisa da cidade e, assim, facilitar os processos de decisão e promover uma gestão coordenada e eficiente do território.
Com esta solução, os decisores municipais encontram, num único sistema integrado, informação proveniente de várias fontes – desde sensores, câmaras de vigilância a relatórios enviados por munícipes e a informações sobre qualidade do ar ou recolha de resíduos –, que podem, então, cruzar com outros dados ou indicadores em tempo real para diferentes fins, como sejam diminuir custos operacionais, reduzir emissões de gases poluentes ou avaliar o progresso da cidade em relação aos ODS. A “Urban Platform” oferece ainda uma perspectiva tridimensional da cidade numa experiência imersiva que permite obter informação adicional sobre as infraestruturas locais. A plataforma aceita pedidos de acesso a uma versão demo aqui.

Quanto à categoria “Smart Settlements & Urbanization”, quem se destacou foi uma aplicação de agilização das deslocações em diferentes transportes públicos, a “Pick”. Criado pela start-up portuense Ubirider, este produto tecnológico consiste num conjunto de ferramentas para os fornecedores de transportes, que, no final, se traduzem em fluxos de pessoas, pagamentos e informação mais contínuos.
Este processo facilita a vida dos utilizadores ao permitir um maior controlo aquando do planeamento da viagem em função dos critérios convenientes e/ou desejáveis (trajecto mais rápido, mais barato, menos poluente). Simplifica também os pagamentos de bilhetes dos vários transportes, que podem ser efectuados por via de serviços instantâneos como o MBWay. Actualmente, a “Pick” já disponibiliza viagens por todo o mundo por meios de algumas empresas, sendo o objectivo continuar a alargar a oferta.
Em matéria ambiental, na classificação “Environment & Green Energy”, o melhor projecto corresponde a um jogo para smartphones, o “Recycle Bingo”, que recorre a geolocalização, inApp Games e realidade aumentada para motivar as pessoas a reduzir o lixo, a reutilizar e a reciclar.
No âmbito da saúde, o produto vencedor, “Glooma”, actua na área de prevenção de cancro ao, por um lado, permitir detectar anomalias através do uso de um dispositivo inteligente em formato de luva (SenseGlove) e, por outro, alertar todos os meses para a realização de um rastreio por via de uma app móvel.
É de salientar também os restantes vencedores: a aplicação móvel “Speak” (categoria “Inclusion and Empowerment”), cujo intuito é conectar migrantes, refugiados e habitantes locais, permitindo-lhes trocar experiências e ajudar na aprendizagem de línguas; o guia alimentado por inteligência artificial “Zoomguide” (categoria “Culture & Tourism”), que transforma a experiência do utilizador em espaços como museus ao disponibilizar conteúdos multimédia multilíngues à distância de uma fotografia; a plataforma “LOQR” (categoria “Business & Commerce”) para colmatar lacunas tecnológicas em questões de autenticação, fraude e identidade digital em empresas com poucos conhecimentos de Tecnologias de Informação; a formação prática “Clinic Immersives” (categoria “Learning and Education”) para estudantes e docentes de enfermagem, que utiliza a realidade virtual para uma experiência imersiva em que é possível controlar aplicações e auscultadores e monitorizar o progresso do aluno e relatórios clínicos.
Os WSA Portugal abarcam ainda um programa promovido pela Agência Nacional de Inovação (ANI), que diferencia projectos e empresas notáveis em actividades de investigação e desenvolvimento científico. Nesta edição de 2021, a start-up portuguesa Gripwise, que criou um dispositivo inovador para detecção e monitorização da síndrome de fragilidade dos idosos, foi a vencedora do prémio Born from Knowlege (BFK).
Os WSA surgiram em 2003 no enquadramento da Cimeira Mundial sobre a Sociedade da Informação, das Nações Unidas, onde se discutiu a necessidade de tornar as Tecnologias de Informação e Comunicação acessíveis a todos. Os WSA contam com o apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO).