“Limpeza Urbana + Sustentável” é o mote do 6.º Encontro Nacional de Limpeza Urbana (ENLU), que acontece a partir de hoje (dia 25) e até sexta-feira na cidade do Funchal. Durante estes três dias, o encontro reúne na capital madeirense cerca de 300 especialistas do setor, 46 autarquias e 50 empresas privadas. Juntos, e com a ajuda de 30 oradores internacionais, vão analisar e debater as principais tendências e boas práticas do setor, com enfoque nas soluções mais inovadoras e inteligentes.

Do programa fazem parte temas como “Limpeza Urbana: Ferramenta para o Cumprimento das Metas”; “Renaturalização das cidades: mais espaços verdes, mais desafios para a limpeza urbana?”; “Governança e instrumentos de cidadania participativa para cidades mais limpas”; e “Tornar a Limpeza Urbana mais eficiente: descarbonização e água reciclada”; entre outros tópicos.

“A sustentabilidade do setor acaba por ser um ponto transversal a todo o encontro, desde logo financeiro e ambiental, pelo forte impacto que tem, mas também ao nível do trabalho que as pessoas desta área desenvolvem, seja do ponto de vista técnico, ao nível da direção ou mais operacional”, disse à Smart Cities Luís Almeida Capão, Presidente da Direção da Associação Limpeza Urbana (ALU), a organizadora do ENLU.

O responsável sublinhou ainda o protagonismo que os municípios assumem no encontro, “palco de troca de experiências e estratégias que podem ser adaptadas às realidades locais”. “Como não podia deixar de ser, vamos ter o testemunho de cidades portuguesas que são pioneiras na sustentabilidade, como por exemplo o Funchal, Guimarães e Águeda, mas também algumas internacionais, com destaque para Valência [Espanha] que, relembro, é a atual Capital Verde Europeia”, concretizou.

Para falar dessa experiência e da renaturalização das cidades, questionado se mais espaços verdes trazem também mais desafios para os municípios, foi convidado José Ignacio Lacomba, coordenador da candidatura de Valência a Capital Verde Europeia 2024. De Espanha chegam ainda Victor Sarabia, Diretor Geral de Serviços de Limpeza e Resíduos de Madrid, e Luís Medina-Montoya, Diretor de projetos da Fundación para la Economía Circular, que traz uma apresentação sobre “Respostas diferentes para desafios comuns”. A eles junta-se ainda o francês Hervé Guillaume, Coordenador-geral da Association des Villes pour la Propreté Urbaine, e o escocês Michael Groves, geógrafo e especialista em tecnologia geoespacial e inteligência artificial, que vai explicar como “Mapear o setor dos resíduos: Usar novas tecnologias para mais transparência”.

Nota ainda para a realização de uma masterclass sobre a avaliação da limpeza urbana, que abordará os melhores exemplos internacionais, e de quatro mesas redondas dedicadas a outros tantos temas: “Caminho para a sustentabilidade”; “Soluções para a Transição Energética”; “Mais eficiência para mais valor no território”; e “Dinâmicas urbanas na limpeza das cidades: da crise da habitação ao despovoamento”.

Financiar e avaliar

O 6.º Encontro Nacional de Limpeza Urbana não deixará também de analisar o atual momento do setor e os principais desafios que se vão colocar num futuro próximo. Questionado pela Smart Cities, Luís Almeida Capão lembra que “há uma grande expetativa naquilo que é a responsabilidade alargada do produtor, tanto dos SIGRES, ou seja, vidro, papel e embalagens, como do plástico de uso único”. O presidente da ALU refere-se a um financiamento previsto de 200 milhões de euros, associado à responsabilidade alargada do produtor, que permitirá financiar a limpeza urbana, “seja na limpeza de praias, na limpeza de papeleiras e nas varreduras manuais e mecânicas”.

Outra aposta da Associação Limpeza Urbana é a criação de um barómetro do setor, um trabalho “muito importante porque permitirá medir e comparar cidades e concelhos, avaliando o impacto que estão a ter, nomeadamente com indicadores que permitem saber quem limpa melhor e quem tem melhor relação custo-benefício”.

Fotografia de destaque: © André Ferreira