Lisboa é um dos municípios presentes no Portugal Smart Cities Summit (PSCS), que decorre até amanhã na FIL (Parque das Nações). A cidade aproveita o evento para dar a conhecer as principais soluções implementadas pela autarquia em matéria de cidades inteligentes, que abrangem áreas tão diversas como a mobilidade, a higiene urbana, a energia ou a proteção civil.
Em entrevista à Smart Cities, Joana Almeida, vereadora responsável pelos pelouros do Urbanismo e dos Sistemas de Informação, dá conta de alguns projetos em destaque no PSCS e aponta ainda as principais apostas do município para o futuro.
A Câmara Municipal de Lisboa volta a marcar presença no Portugal Smart Cities Summit (PSCS). O que destaca do programa preparado pela autarquia e pelos seus parceiros municipais para os três dias de evento?
A Câmara Municipal de Lisboa (CML) apresenta-se no Portugal Smart Cities Summit trazendo o que de mais inovador se faz no Município. Este evento é uma oportunidade para dar a conhecer as iniciativas de cidade inteligente, com recurso a tecnologias IoT, que estão a ser implementadas nos diferentes serviços municipais. Convidámos também as empresas do universo municipal para participarem connosco no certame e divulgarem as suas iniciativas smart, destacando os seus projetos mais relevantes (programa disponível aqui).
É impossível salientar apenas um dos projetos representados, pois cada um, na sua área, constitui um enorme contributo para uma gestão mais eficaz, baseada em dados abrangentes e de qualidade, e para a melhoria dos serviços prestados aos cidadãos.
Vão ser abordados projetos relacionados com a Plataforma de Gestão Inteligente de Lisboa (PGIL), nomeadamente como os dados nela integrados e os dashboards que contribuíram para a gestão operacional no decurso da Jornada Mundial da Juventude, projetos na área da mobilidade promovidos pela EMEL e pela Carris, projetos com recurso a sensores nas áreas do Ambiente e Higiene urbana, entre outros.
Que oportunidade representa este evento para Lisboa? Poderá o município vir a adotar soluções, tecnologias ou mesmo princípios orientadores apresentados e discutidos no PSCS?
O Portugal Smart Cities Summit é uma grande oportunidade para comunicar ao exterior o que a Autarquia faz nesta área da inteligência urbana e também uma excelente ocasião para conhecer o que se faz no resto do país, principalmente o que as empresas têm para oferecer e que novas soluções poderão ser colocadas ao serviço dos cidadãos. A CML pretende afirmar-se como cidade inteligente e, para esse efeito, estamos a iniciar o nosso Plano Estratégico Cidade Inteligente para os próximos dez anos. E, também por isso, a participação em eventos desta natureza é fundamental.
Há alguma conferência ou apresentação que aguarde com mais expectativa?
O programa de conferências proposto para esta edição do PSCS é muito interessante. A destacar um desses momentos, daria realce à Conferência Cidades e Territórios Inteligentes, pela relevância da temática e também pela participação da CML numa mesa-redonda dedicada ao tema das Cidades de Proximidade – o desafio dos 15 minutos.
De facto, Lisboa assume este desafio de ser uma cidade de proximidade em todas as suas áreas de intervenção: do Urbanismo à Higiene urbana, do Ambiente à Mobilidade, da Cultura ao Desporto, da Ação Social à Educação e à Habitação. Queremos também contribuir para a definição do referencial da Cidade dos 15 minutos e vê-lo aplicado em diversas zonas de Lisboa.
Quais são as principais apostas de Lisboa na transição para uma cidade inteligente e que desafios irá enfrentar nesse caminho?
A CML pretende afirmar-se como cidade inteligente e cada vez mais conectada, cuja gestão se faz de forma sustentada em dados recolhidos, sempre que possível, em tempo real.
Nesse sentido, Lisboa disponibiliza atualmente uma rede LoRa gratuita e aberta a todos os agentes de inovação que utilizem tecnologias IoT, com cobertura de todo o território municipal. Internamente, cada um dos verticais tem os seus objetivos de desenvolvimento traçados e alinhados com a estratégia do Município. Os dados recolhidos pelos diversos sistemas inteligentes de monitorização e sensorização são continuamente integrados e armazenados na PGIL, permitindo a monitorização em tempo real do que se passa na cidade, mas também a possibilidade de produzir analítica descritiva, de diagnóstico, preditiva e, idealmente, prescritiva.
O desafio passa quase sempre pela qualidade dos dados e pela capacidade de comunicar claramente a informação produzida, bem como pela disponibilização de modelos analíticos que possam ser utilizados pelos serviços municipais para uma gestão cada vez mais eficaz, suportada pelos dados.
Sendo Lisboa uma das 100 Cidades com Impacto Neutro no Clima e Inteligentes até 2030, essa transição para uma cidade mais cognitiva terá de passar necessariamente por um compromisso com as temáticas da sustentabilidade e da inclusão?
Atualmente os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estão em cima da mesa e representam uma grande preocupação das organizações, não sendo a CML exceção. Tirando partido dos avanços tecnológicos, mais concretamente da inteligência artificial, e considerando a necessidade de encontrar soluções para os complexos problemas das cidades, os municípios estão cada vez mais focados em adotar soluções digitais abrangentes, com vista a melhorar a qualidade de vida dos seus cidadãos, com respeito pelos referenciais da sustentabilidade.
De salientar ainda que as práticas de governação das cidades devem aplicar-se a todos os cidadãos e incluir, sempre que possível a participação ativa da população no processo de tomada de decisão, promovendo a inclusão e a transparência no tratamento dos dados.
Que tendências e tecnologias acredita virem a marcar o futuro das cidades inteligentes?
É inevitável pensar no futuro sem que nos venha logo à cabeça a ideia da Inteligência Artificial (IA), da Realidade Aumentada ou do Chat GPT.
Estas tecnologias estão em constante evolução e têm potencial de transformar várias realidades do nosso dia a dia, desde o modo como prestamos informação em tempo real até à forma como a cidade poderá dar respostas personalizadas e soluções otimizadas para o problema de cada pessoa.
Acredito no enorme potencial da IA generativa combinada com a Inteligência Humana para gerar “inovação a alta velocidade” e as soluções certas para múltiplos desafios do presente e do futuro.
Nos próximos anos são expectáveis avanços tecnológicos que vão alterar o modo como nos relacionamos com os outros e com o nosso habitat, revolucionando o futuro da sociedade, da economia, da aprendizagem e do mundo do trabalho, bem como o futuro das cidades que serão certamente mais inteligentes e consequentemente mais sustentáveis.
Com a inovação surgem associados riscos, mas em Lisboa queremos vê-los como um desafio e uma oportunidade de fazer mais, melhor e de forma inovadora. Queremos colocar a tecnologia ao serviço da cidade e a cidade a servir de forma inteligente os que lá vivem, trabalham, estudam ou simplesmente visitam.