As famosas Vespas e Fiat500 que circulam pelas ruas de Milão podem vir a perder popularidade. A cidade italiana está decidida a pôr em marcha um novo plano no qual vai compensar monetariamente aqueles que forem de bicicleta para o trabalho, de forma a reduzir os elevados níveis de poluição. A iniciativa surge depois de o governo ter anunciado, em Dezembro passado, a criação de um fundo no valor de 35 milhões de euros para estimular a mobilidade sustentável no país.
Ainda que os contornos do plano estejam em aberto, o modelo a ser implementado poderá vir recorrer a uma aplicação móvel, cujo software já está disponível, através da qual seja possível monitorizar o percurso feito de bicicleta pelo utilizador. Em cima da mesa está a utilização de um sistema que permita verificar a velocidade de deslocação ou se a pessoa está realmente a dirigir-se para o trabalho.
A distância e o nível de dificuldade da rota podem, no entanto, ser entraves à adesão a este meio de deslocação mais amigo do ambiente, ainda que, dado o tráfego, “em Milão, aqueles que se deslocam de bicicleta para trabalho conseguem ser quase tão rápidos quanto os carros”, indicou a gestora do instituto de mobilidade da cidade, Eleonora Perotto, ao The Guardian.
Contudo, o dinheiro, por si só, pode ser um incentivo curto, como explicou Holger Haubold, especialista em política fiscal e económica da Federação Europeia de Ciclistas, à Smart Cities. “Se a quantia que for reembolsada for elevada o suficiente, este esquema pode providenciar um bom incentivo para que os trabalhadores pedalem para o trabalho”, no entanto, “são também necessárias infra-estruturas adequadas para que as deslocações de bicicleta sejam confortáveis, rápidas e seguras – isto inclui ciclovias, mas também, por exemplo, boas possibilidades de estacionamento para bicicletas”, sublinha.

Em Milão, concretamente, foram já criadas algumas condições para estimular a mobilidade suave, como sistemas de bike-sharing, mas a cidade quer ir mais além e liderar a corrida ao montante disponibilizado pelo governo italiano, numa disputa entre municípios que deverá começar nas próximas semanas. Nesta missão, a metrópole vai contar com o apoio da Universidade Politécnica de Milão, que irá testar a viabilidade do modelo, e da gestora do instituto de mobilidade, Eleonora Perotto, cujo contributo se centrará na forma como potencialmente poderá ser definido o plano.
Milão segue, assim, o exemplo de outros países, como a França, que fixou em 0,25 euros a compensação a ser paga aos trabalhadores, pela entidade patronal, por cada quilómetro percorrido de bicicleta, ou a Bélgica, onde as empresas podem pagar, de forma voluntária, 0,22 euros por quilómetro pedalado, em deslocações casa-trabalho-casa, livres de impostos e taxa de segurança social. Em Itália um modelo semelhante está, de resto, a ser testado num projecto-piloto em Massarosa, na região Toscana, onde cerca de 50 pessoas já aderiram.