O estudo foi posto em prática pelo município do Porto e já foi apresentado aos diversos atores e promotores da circularidade do sistema alimentar. Através do projeto Good Food HUBs, lançado em outubro de 2022, foi possível começar a pensar a implementação de uma alimentação mais sustentável junto das escolas e outras entidades com restauração coletiva.
Através da auscultação individual de várias entidades com responsabilidade na restauração coletiva da cidade, incluindo os produtores agrícolas em modo biológico, foi possível perceber não só os desafios, mas as vantagens da aposta numa alimentação sustentável a nível coletivo.
Hoje em dia, no Porto, existe capacidade de fornecimento de, pelo menos, 10% de frutas e legumes biológicos para os contratos analisados no estudo. Em entrevista à revista Smart Cities, Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, enumera as principais vantagens na implementação de uma alimentação sustentável nas escolas e universidades.
“Esta transformação é necessária para todos, não só em termos ambientais e sociais, mas em termos económicos. Se tivermos um sistema alimentar regenerativo, reduzimos a possibilidade de falhas de fornecimento e aumentamos a resiliência do mesmo a choques externos (crises económicas e sociais, alterações climáticas ou guerras, crises energéticas), garantindo a saúde dos cidadãos e das empresas”, explica.
No município do Porto, por ano, são fornecidas cerca de 4,5 milhões de refeições, num trabalho que envolve “uma multitude de atores”. O estudo agora desenvolvido vai permitir iniciar um trabalho que irá “melhorar significativamente a alimentação nas escolas e nos refeitórios dos colaboradores” municipais, tal como explica Filipe Araújo.
“Esta transformação do sistema alimentar é um esforço de todos, dos Municípios, das organizações e dos cidadãos. Se cada um de nós tem de reconhecer que, ao comprar e aderir a este tipo de produtos e a estes circuitos de proximidade, estamos a ajudar diretamente as pessoas e a salvaguardar a alimentação no presente e futuro. É muito difícil transformar o sistema alimentar com esforço apenas do Município e das empresas”, realça o vice-presidente da Câmara do Porto.
O projeto Good Food HUBs, sob o lema “Muda a tua alimentação. Transforma o mundo”, foi criado com o intuito de tornar mais sustentável, saudável, justo e próximo o sistema de alimentação da cidade.
Através da iniciativa, o município conseguiu reduzir em mais de 90% as distâncias percorridas pelos alimentos e conseguiu colocar à disposição dos cidadãos produtos frescos (menos de 24 horas entre a colheita e a venda, a preços justos e produzidos de forma sustentável. “Demonstrámos que existem soluções, à nossa volta, para transformarmos o sistema alimentar e transformarmos o mundo. Necessitamos de embarcar todos nessa viagem. Também conseguimos demonstrar que é possível trazer o local, o sazonal e o biológico para as refeições escolares. Isto não é só uma vontade do Município como é sua responsabilidade, o uso dos dinheiros públicos em produtos e serviços de qualidade”, afirma Filipe Araújo.
A equipa responsável pelo projeto e pela promoção da circularidade do sistema alimentar vai agora focar-se em aprofundar os resultados do estudo e começar a implementar as mudanças através de projetos piloto e sua respetiva monitorização.
Por outro lado, a equipa do Município está disponível para replicar este projeto nas empresas, nos condomínios, nos bairros e nas instituições da cidade, onde exista uma um grupo de 15 pessoas ou mais que queira replicar este projeto, o Município está disponível para estabelecer os primeiros contactos através da Divisão Municipal de Gestão Ambiental ou através do email dm.gestaoambiental@cm-porto.pt.