Nos últimos anos, a urgência em combater as alterações climáticas e promover a sustentabilidade tem impulsionado, no mundo industrial, a procura por alternativas aos combustíveis fósseis tradicionais. Este movimento não é apenas uma resposta às preocupações ambientais, mas também uma oportunidade de inovar e transformar profundamente as bases energéticas da nossa sociedade. Os combustíveis alternativos sustentáveis emergem como mais uma opção para uma transição imediata rumo aos objetivos de sustentabilidade até 2050.
Um dos benefícios mais imediatos e tangíveis dos combustíveis alternativos sustentáveis é a redução das emissões de gases de efeito estufa. A produção de combustíveis a partir de resíduos perigosos, sejam eles fósseis ou renováveis, constitui uma importante inovação e uma alternativa aos combustíveis tradicionais, com a enorme vantagem de substituírem os primeiros sem necessidade de investimento adicional, disponibilizando às indústrias que optam por estes combustíveis uma via mais verde para a melhoria da sustentabilidade dos seus processos e redução das suas emissões.
Deste modo, é claro que a transição para combustíveis alternativos também impulsiona a inovação tecnológica e o desenvolvimento económico. Investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias ou processos mais eficientes de recuperação, que criam oportunidades para o surgimento de novas indústrias e postos de trabalho. Empresas e países que se posicionarem na vanguarda desta transição irão, com certeza, colher os frutos de uma economia mais sustentável, liderando o mercado global nesta área. Porém, onde estão os combustíveis sustentáveis no quadro geral português?
A meu ver, soluções capazes de colocar Portugal na vanguarda da descarbonização no panorama europeu, posicionando o país enquanto líder do desenvolvimento de soluções com base no processamento de resíduos, deveriam ser a prioridade. Com um potencial comprovado de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) em cerca de 99% para alcançar a neutralidade carbónica até 2050, é essencial continuar a investir nestas fontes enquanto contributo fundamental para a redução da dependência energética e melhor aproveitamento dos resíduos gerados na economia tradicional centrada no carbono.
Existem ainda outros esforços para que Portugal consiga transformar os desafios em oportunidades. Por exemplo, o Plano Nacional de Energia e Clima 2030 (PNEC 2030) é um dos planos mais ambiciosos para o panorama energético em Portugal, com metas essenciais para reduzir não só os gases com efeito de estufa, mas também potenciar o recurso a energias renováveis e eficiência energética.
Porém, é importante notar que o aumento do custo fiscal aplicado aos combustíveis fósseis, com o objetivo de estimular a transição energética da indústria, pode estar a comprometer a capacidade de colocação no mercado de combustíveis mais sustentáveis. Neste sentido, acredito que é uma enorme urgência que a atual política fiscal de não diferenciação seja alterada e incorpore medidas que corporizem as vantagens ambientais que resultam da utilização de combustíveis sustentáveis, mesmo que estes tenham sido produzidos a partir de resíduos fósseis.
É crucial que os decisores políticos reconheçam o potencial dos combustíveis sustentáveis e tomem medidas concretas para promover o seu desenvolvimento, trabalhando lado a lado com associações e entidades do setor, que se encontram disponíveis para ter um impacto positivo no ecossistema. Só assim que conseguirá rumar a um futuro mais sustentável e próspero para todos.
O texto acima é da responsabilidade da entidade em questão, com as devidas adaptações.