No início de um ano novo, deparamo-nos com 365 novas oportunidades para mudar e melhorar a nossa qualidade de vida. Fazemos exercícios de introspeção, pedimos desejos e fazemos promessas de superação.
Falando de um contexto urbano, para o cidadão, as decisões sobre a sua cidade, sobre o espaço público e as suas dinâmicas parecem continuar distantes. Muitas das resoluções que sonhamos para a nossa cidade tornam-se, por vezes, exercícios de imaginação difíceis (mas não impossíveis) de acreditar que possam ser implementadas em tempo útil, de forma a terem impacto real nas nossas vidas e, por consequência, no aumento da qualidade de vida que ambicionamos.
Um pouco por todo o mundo, surgem pequenas iniciativas, algumas derivadas de reflexões coletivas que permitem ao cidadão colaborar na construção da sua cidade, sentindo-se parte da mesma e responsabilizando-se mais. Surgem ocupações criativas de espaço público, hortas urbanas, compostores colectivos, ciclobus para a escola, orçamentos participativos, construção de parques autoconstruidos; esplanadas temporárias, clubes de tricot, projectos artísticos comunitários, grupos de partilha de ferramentas, colegas que cozinham o almoço à vez, ruas cortadas para brincar, entre outros que diariamente vamos descobrindo.
“Um pouco por todo o mundo, surgem pequenas iniciativas, algumas derivadas de reflexões coletivas que permitem ao cidadão colaborar na construção da sua cidade, sentindo-se parte da mesma e responsabilizando-se mais”.
Há um grande número de iniciativas que, por vezes, parecem não ter relação umas com as outras, mas que dão o seu contributo para uma cidade melhor, uma comunidade mais próxima que se está a re-organizar como comunidade, criando soluções para aumentar a qualidade de vida em meio urbano. São estas pequenas mudanças que nos podem fazer mudar a cidade, e que nos mudam a vida.
Aqui ficam cinco pequenas propostas de proações que podem contribuir para uma comunidade mais próxima, resiliente e feliz e um aumento na nossa qualidade de vida:
- Reveja rotinas de mobilidade. Avalie de onde parte e onde chega. Pondere modos mais activos, como a bicicleta e o andar a pé, transportes públicos ou um sistema em que possa partilhar o carro. Sempre que possível, combine com colegas estas rotinas de mobilidade diárias, tornando a viagem num prazer diário. Isto é muito válido para os seus filhos. Promova PediBus ou Ciclobus para a escola com os colegas e dê-lhes autonomia;
- Brinque na rua. Sim, ainda é possível brincar na rua. Marque um dia fixo por semana e proponha à sua junta de freguesia fechar uma rua ao trânsito ou escolha um espaço público de proximidade e convide os vizinhos para virem para a rua. As crianças brincam, os adultos brincam com eles ou trocam muitas ideias! Pode começar com duas ou três pessoas;
- Compre local. Explore o seu bairro. Faça as suas compras localmente. Se ainda não o faz, experimente um mês sem compras em grandes superfícies e compre localmente. Comprar localmente não só contribui para uma melhor economia local como também para mais e melhores relações interpessoais. E, entretanto, talvez fique surpeendido com novas lojas, a simpatia e personalização das suas compras e, em muitos casos, dos preços;
- Desfrute dos espaços verdes da cidade. Há quanto tempo não passeia ou corre no parque da sua cidade ou do seu bairro? Está provado que o contacto com a natureza é um excelente calmante. Convide os amigos e leve o cesto do piquenique para o jardim do seu bairro, ou desafie os seus colegas de trabalho a almoçar no espaço verde mais próximo;
- Proponha melhorias. Por vezes, reclamamos entre amigos do que gostaríamos para a nossa cidade. Contacte com a sua junta de freguesia ou câmara municipal, fale com os vizinhos, escreva para o jornal local ou contacte com associações que actuem nas questões que gostaria de ver melhoradas.
#CIDADÃO é uma rubrica de opinião semanal que convida ao debate sobre territórios e comunidades inteligentes, dando a palavra a jovens de vários pontos do país que todos os dias participam activamente para melhorar a vida nas suas cidades. As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Smart Cities.