“O facto de os campeões europeus fazerem parte da vanguarda, apostando no aprimoramento do jogo por meio da tecnologia, serve como exemplo e inspiração para todos”. As palavras são de Gianni Infantino, presidente da FIFA, a propósito da implementação do vídeo-árbitro na I Liga portuguesa de futebol na próxima temporada.

Na mais recente final da Taça de Portugal, deu-se o pontapé de saída da utilização oficial das imagens televisivas pela equipa de arbitragem no decorrer do jogo, quando estamos a cerca de dois meses da época de estreia deste sistema tecnológico em todos os jogos do principal escalão do futebol nacional. Já em 2017/18, o vídeo-árbitro será uma realidade em mais um momento histórico para o desporto no nosso país.

 

“Depois de nos sagrarmos campeões da Europa em futebol, em 2016, Portugal volta às bocas do mundo para dar aos ‘juízes do apito’ uma ferramenta inovadora de auxílio às decisões que podem de facto influenciar os jogos”.

Portugal dá o mais concreto contributo para o apoio à arbitragem, uma classe que tanto tem merecido a atenção dos adeptos e quase sempre pelos piores motivos. Mas, para além disso, este é mais um exemplo de como Portugal (e os portugueses) volta a estar na linha da frente dos avanços tecnológicos. Um país disposto a experimentar, a testar, a ensaiar. Somos, definitivamente, um povo de early adopters.

Depois de nos sagrarmos campeões da Europa em futebol, em 2016, Portugal volta às bocas do mundo para dar aos “juízes do apito” uma ferramenta inovadora de auxílio às decisões que podem de facto influenciar os jogos. É verdade que, por enquanto, o recurso ao vídeo-árbitro só intervirá em decisões específicas, mas, desde já, Portugal abre caminho ao reconhecimento do apoio que a tecnologia pode dar para tornar o futebol mais isento e credível e, já agora, equiparado às boas práticas que há já vários anos se fazem noutras modalidades, como o basquetebol ou o ténis.

O vídeo-árbitro vai transformar os estádios de futebol nacionais numa espécie de laboratórios vivos, uma tendência que temos vindo também a observar nas nossas cidades. Também elas estão dispostas a experimentar e a testar as novas tecnologias. E não falamos só dos grandes centros urbanos, como Lisboa ou Porto. Falamos de Águeda, Viseu, Cascais, Guimarães, entre outros. Independentemente da dimensão, o desafio é aliciante e os portugueses estão a dar resposta.

À semelhança, também nesta aposta da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), convém ter em conta que são colocados importantes desafios nos estádios, em especial naqueles que pertencem aos clubes designados mais “pequenos”. De Portimão a Tondela, passando por Setúbal ou Estoril, o auxílio do vídeo-árbitro exige soluções técnicas que envolvem todos os clubes com presença no principal escalão do futebol português. Senão, vejamos: no passado dia 28 de Maio, a algumas centenas de metros do Estádio Nacional, onde decorreu a final da Taça, numa carrinha estacionada na Cidade do Futebol, dois vídeo-árbitros observaram todos os lances do Benfica x V. Guimarães, com a responsabilidade de avisar o árbitro principal caso este cometesse algum erro grave. Cenário semelhante replicar-se-á durante a próxima época e, para isso, a FPF está a construir uma sala de operações na Cidade do Futebol, onde será possível cumprir funções de vídeo-árbitro em quatro jogos em simultâneo. Só em situações excecionais é que o acompanhamento dos encontros será feito em carrinhas estacionadas junto aos estádios.

O sistema pode parece simples mas necessita da resposta adequada nos palcos onde tudo acontece, já que as transmissões televisivas servem daqui para a frente um novo propósito, podendo haver necessidade de usar câmaras adicionais, como já aconteceu na fase de testes. Agora, o desafio é “a valer” e obriga os recintos desportivos nacionais e as cidades que os acolhem a adaptarem-se. Tal como o título de campeões europeus, a distinção de pioneiros tecnológicos já é nossa. Agora, é necessário estar à altura da aposta (com a devida vénia) ao emprego da tecnologia naquele que é “o desporto rei” em Portugal.

#CIDADÃO é uma rubrica de opinião semanal que convida ao debate sobre territórios e comunidades inteligentes, dando a palavra a jovens de vários pontos do país que todos os dias participam activamente para melhorar a vida nas suas cidades. As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Smart Cities.