Visitar o Castelo de Leiria a pé vai, em breve, ser uma tarefa mais fácil, isto porque as obras para a criação de dois acessos mecânicos ao local já estão em andamento. A proposta do município contempla a instalação de elevadores, a Norte e a Sul, que, para além de facilitarem o acesso turístico ao monumento, vão também promover a mobilidade suave no centro histórico.
A obra, cujo projecto tem a assinatura do arquitecto Vítor Cruz, está já a decorrer e tem um prazo estimado para a sua conclusão de nove meses, sendo o valor adjudicado pela autarquia de cerca de 1,59 milhões de euros. Os elevadores vão servir numa óptica de movimento pendular, permitindo o acesso ao Castelo e à parte alta da cidade, a partir do centro ou da zona de estacionamento próxima ao estádio. No acesso Norte, a estação superior ficará junto à entrada do Castelo, a uma cota de 73,5 metros, situando-se na continuidade da muralha, de forma a minimizar o seu impacto construtivo. A estrutura está desenhada para criar uma espécie de “miradouro quase suspenso”, refere o relatório prévio do projecto. Ao longo da encosta, os carris conduzem à estação inferior, a uma cota de 36,20 m, situada na Av. 25 de Abril. Para efectuar o percurso de cerca de 115 metros, prevê-se a instalação de um funicular eléctrico, com capacidade para 20 pessoas e alcançando uma velocidade de 1,6m/s. Ao permitir o acesso ao espaço de estacionamento no Estádio, a intervenção poderá compensar os condicionalismos deste território consolidado, antecipa a autarquia.
Por sua vez, no acesso Sul, ficará feita a ligação entre o Largo da PSP (superior) e a zona comercial da cidade (inferior), através de dois troços, sendo que o entreposto vai permitir uma ligação urbana à Av. Ernesto Korrodi. Desde aqui, um passadiço levará a um segundo elevador vertical, eléctrico, que assegurará a ligação entre o Largo Dr. Manuel de Arriaga e o Largo da Sé.
Para além de facilitar o acesso ao Castelo para turistas e residentes, a intervenção vai também promover a mobilidade pedonal no centro histórico, atenuando um dos principais problemas identificados pelo município nesta zona ao nível da mobilidade: a inexistência de áreas pedonais definidas. Apesar de o pavimento da rede viária existente, em paralelepípedos, promover a redução da velocidade da circulação automóvel, o município reconhece que a indefinição clara de zonas pedonais dificulta a protecção do peão e é desconfortável para mobilidade condicionada. Perante isto, a intervenção para o acesso mecânico ao Castelo tem como objectivo minimizar estas questões, ao propor uma alternativa ao uso do transporte individual e incentivando à retirada dos automóveis da zona histórica.
“A existência de uma rede de percursos pedonais acessível, contínua, confortável e segura seria um contributo deveras importante para a valorização da própria cidade, tornando-a mais atractiva para quem visita e para quem nela quer viver, reforçando, assim, o seu papel estruturante na região”, afirma a autarquia.
Segundo fonte municipal, este é um projecto “complexo de engenharia e mecânica em território condicionado por Servidão e Restrição de Utilidade Pública, o que implica restrições à construção na Zona Especial de Proteção ao Castelo e Sé de Leiria, como Monumento Nacional”. A par disso, a intervenção está a ser acompanhada de perto pela Direcção Regional da Cultura do Centro (DRCC) e pela Direcção Geral da Cultura do Centro (DGCC). A obra faz parte do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (PMUS) e está incluída no Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU), de 2015, da cidade de Leiria, a partir do qual é financiada.