Portugal já tem um índice para medir o grau de preparação dos municípios portugueses para a utilização da bicicleta enquanto modo de transporte. Através da análise de cinco dimensões – entre as quais estão a infra-estrutura ciclável, o compromisso político ou o declive do território, o Bike Friendly Index (BFI) revelou o primeiro ranking nacional de “amigabilidade” dos municípios portugueses com a bicicleta, referente ao ano de 2018. No mapa das capitais de distrito, Lisboa lidera e Vila Real ocupa a última posição.

“Ainda há muito a fazer” para promover a utilização da bicicleta enquanto modo de transporte nas cidades portuguesas – esta é uma das principais conclusões apontadas pelos promotores do recém apresentado índice. Elaborado por David Vale e António Pedro Figueiredo, do grupo de investigação BEAM, do Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design (CIAUD) da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa (FAUL), o BFI apresenta-se como uma ferramenta que avalia a “amigabilidade” dos concelhos nacionais para com a utilização da bicicleta.

A primeira tabela de classificação do índice, referente ao ano de 2018, conclui que o país ainda tem um longo caminho a percorrer e que o investimento na criação de infra-estrutura ciclável realizado durante os últimos três anos, de aproximadamente 46 milhões de euros a nível nacional, é “francamente insuficiente”, equivalendo “a menos de 5 euros por habitante”.

Na tabela que ordena as capitais de distrito portuguesas pelo seu grau de “amizade” pelas bicicletas, Lisboa lidera, destacada. Numa escala que vai de 0 a 10, Lisboa obtém a classificação de 5,84, enquanto a cidade de Vila Real, que ocupa a última posição das capitais de distrito, fica-se pelos 1,87. A média nacional situa-se nos 2,7. As cidades do Porto, com 3,94, e de Aveiro, com 3,9, completam o pódio do índice, aparecendo no segundo e terceiro lugares, respectivamente. Para além de apresentar a classificação das capitais de distrito, o índice também classifica os concelhos com mais de 100 mil habitantes. Neste caso, a seguir a Lisboa e Porto, respectivamente, aparece o concelho de Cascais, com a classificação de 3,76.

Para o cálculo do índice, são consideradas cinco dimensões chave: o declive, o ambiente construído, as infra-estruturas, o compromisso político e a utilização da bicicleta. Dentro destas, cabem 12 indicadores recolhidos individualmente. A título de exemplo, na dimensão que diz respeito à utilização dos velocípedes, é tido em conta o peso da bicicleta na repartição modal do concelho, o peso das mulheres na quota de utilizadores de bicicleta e o peso dos modos activos e transportes públicos na repartição modal concelhia. Dentro da dimensão relativa ao compromisso político, são tidas em conta a despesa por área urbana e a despesa per capita.

No sítio web do índice, a extensão total de ciclovias urbanas em Portugal é referida como “muito baixa”, contabilizando cerca de 360 quilómetros de um total de 990 quilómetros. Isto explica-se, segundo os promotores do índice, pelo facto de a maioria das ciclovias em Portugal servir “fundamentalmente funções recreativas e não utilitárias”.

O Bike Friendly Index será medido todos os anos, de forma com o objectivo de “avaliar a evolução do panorama nacional e ainda quais os concelhos que se estão a destacar anualmente na promoção da bicicleta”.

O grupo de investigação BEAM – Built Environment and Mobility, da FAUL e ao qual pertencem os promotores do BFI, é responsável por conduzir investigação nas questões do ambiente e da mobilidade urbana.