A escassez de água pode impactar a economia sem precedentes, causando quebras significativas na produção e distribuição. Esta é a principal conclusão de um estudo recentemente publicado pela Universidade Católica, intitulado de “O Valor Económico da Água em Portugal”, que evidencia que, em cenários extremos, a escassez do ‘ouro azul’ pode resultar numa quebra de até 3% do PIB nacional.
Este panorama relembra-nos da vulnerabilidade e dependência da economia face ao ambiente. Em anos de seca prolongada, setores como a agricultura, a indústria transformadora e o setor da energia podem enfrentar desafios operacionais significativos se não encontrarem estratégias que ajudem a mitigar a dependência de recursos hídricos.
Desta forma, torna-se imperativo que as empresas repensem a sua pegada hídrica. Investir em novas tecnologias e promover práticas sustentáveis de gestão de recursos, podem ajudar essa transição. Adicionalmente, a otimização de processos industriais para reduzir o consumo e novas soluções de tratamento de água para a sua recolha, armazenamento e reutilização segura, podem minimizar o desperdício.
No entanto, reduzir o consumo e desperdício de recursos hídricos vai além de implementar novas tecnologias. Nesta jornada de otimização, ter um olhar crítico ao longo de toda a cadeia produtiva pode ser uma tarefa difícil de desempenhar isoladamente. Quando analisado por um especialista fora da organização, que traga uma perspetiva “fora-da-caixa” e complementada por experiências externas, as mudanças implementadas podem ser mais eficazes.
Ademais, a monitorização e controlo do consumo de água através de sistemas de sensores e tecnologias digitais pode revelar-se fundamental, uma vez que permitem identificar, em tempo real, desperdícios ou fugas de forma a evitar perdas prolongadas e não detetadas. É ainda crucial que as empresas implementem planos de contingência robustos que permitam uma resposta rápida a situações de crise, como períodos de seca severa ou restrições no fornecimento de água, para garantir a continuidade e sustentabilidade das operações, enquanto se minimizam impactos económicos e sociais.
Da mesma forma, adotar práticas de gestão sustentável de recursos hídricos é vital para criar empresas mais competitivas e para cumprir normas ambientais cada vez mais rigorosas. Desde a identificação de fontes alternativas a parcerias governamentais e com a comunidade, as empresas devem ser proativas na adoção de estratégias que lhes permitam tornarem-se mais resilientes face às alterações climáticas.
Assim, ao adotarem práticas ambientalmente mais responsáveis, as empresas atuam como agentes de mudança, contribuindo para aumentar a consciência social sobre a importância de um consumo sustentável. Através de programas de sensibilização (internos e externos) e de parcerias com fornecedores que partilhem os mesmos valores ambientais, as empresas têm também a oportunidade de promover uma cultura de sustentabilidade que se estende às comunidades. Esta não é apenas uma tarefa dos órgãos governamentais; as empresas desempenham um papel fundamental numa maior responsabilidade ambiental.
O texto acima é da responsabilidade da entidade em questão, com as devidas adaptações.