Portugal esteve em destaque no mais importante evento mundial de cidades inteligentes, o Smart City Expo World Congress, realizado em Barcelona entre os dias 5 e 7 de novembro. O ecossistema nacional do setor reforçou presença no certame ao reunir cerca de duas dezenas de entidades e projetos no Pavilhão Smart Portugal.
Se o Smart City Expo World Congress (SCEWC) já era a maior feira mundial sobre cidades e soluções urbanas inteligentes, a 13.ª edição reforçou ainda mais este estatuto ao aumentar a área de exposição em 30%. Também o Smart Portugal aumentou três vezes, passando a ter este ano com cerca de 300 metros quadrados, bem no centro do Hall 3 da Fira Gran Via Barcelona. Organizado pelo NOVA Cidade Urban Analytics Lab (Global Partner da Feira), com o apoio da Comunidade Intermunicipal do Oeste (OsteCIM) e da Agência para a Modernização Administrativa (AMA), o pavilhão português reuniu no mesmo espaço um conjunto de entidades e iniciativas nacionais, como municípios, territórios, empresas, polos de inovação e projetos de investigação.
Guimarães, Lisboa e Oeiras foram as autarquias com lugar cativo no Smart Portugal e a estas juntaram-se mais quatro comunidades intermunicipais – OesteCIM, CIM Médio Tejo, CIM Leiria e CIM Beiras e Serra da Estrela – cinco empresas com stand: NOS, Schréder, Focus BC, MEO e ESRI, às quais se juntaram a Minsait e a Wavecom com comunicações. Já a Agência Portuguesa para a Modernização Administrativa (AMA) apresentou em Barcelona a Estratégia Nacional dos Território Inteligentes (ENTI), enquanto o NOVA Cidade deu a conhecer o trabalho desenvolvido na área da inteligência urbana e territorial. O pavilhão contou ainda com expositores próprios dedicados a vários projetos, com destaque para o Portugal Blue Digital Hub, que acrescentou a temática dos oceanos ao espaço português, uma novidade em relação aos anos anteriores. Smart Healthy Region, NexTCity, AI4PA, Agenda Mobilizadora do Blockchain e Agenda Mobilizadora do Turismo foram os outros projetos a marcar presença.
Para Miguel de Castro Neto, coordenador do NOVA Cidade Urban Analytics Lab, este espaço “espelhou o que melhor se faz em Portugal, com parceiros que procuram cocriar o futuro, encontrar oportunidades de colaboração e partilhar boas práticas”. O responsável sublinhou a diversidade de entidades e projetos envolvidos, com destaque para a ENTI, que acabou por marcar a agenda da presença portuguesa. “As plataformas de inteligência urbana e territorial, a governação de dados e as capacidades analíticas foram os temas de 2024 e a colaboração e cocriação que o espaço Smart Portugal gera, uma oportunidade única de construir a inteligência urbana e territorial nacional e, simultaneamente, promover à escala global a inovação nacional”, concretizou.
Presente na cerimónia de inauguração do pavilhão, o secretário de Estado da Modernização e Digitalização, Alberto Rodrigues da Silva, destacou o facto do Smart Portugal “agregar uma série de stakeholders e interessados nos territórios e cidades inteligentes, nomeadamente articulando com a Estratégia Nacional dos Territórios Inteligentes, uma medida tão importante que está em curso no âmbito do PRR”. O governante reiterou o compromisso do executivo com a ENTI, lembrando também o papel das plataformas de gestão urbana e a necessidade de uniformizar o ecossistema de dados, bem como a importância de uma regulamentação eficaz.
Montra internacional
Ao longo dos três dias de SCEWC, o Smart Portugal serviu de palco aos municípios e territórios nacionais, que tiverem oportunidade de apresentar o trabalho realizado nesta área. Foi o caso da Comunidade Intermunicipal do Oeste, que voltou a dar especial ênfase à plataforma Oeste Smart Region, criada em parceria com o NOVA Cidade, da NOVA IMS. No lançamento do stand, o presidente Pedro Folgado fez questão de frisar o “valor acrescentado e conhecimento” que esta parceria estratégica tem trazido às duas partes. Referiu também que a presença na feira de Barcelona “permite firmar a região como uma referência de território inteligente, colocando o Oeste no centro das atenções ao lado de outras CIM’s, empresas e projetos inovadores de Portugal”.
Da parte da AMA, Luís Correia afirmou que “os territórios inteligentes só se vão fazer através de dados fiáveis, de parcerias sustentáveis e de grande responsabilidade, bem como de pessoas brilhantes”, reforçando a necessidade de uma base de dados sólida e de parcerias estratégicas”.
Juntamente com Lisboa e Oeiras, Guimarães foi um dos três municípios presentes no Smart Portugal. A cidade minhota deu a conhecer a Plataforma de Gestão Urbana, que integra diversos verticais de dados sobre áreas como a mobilidade, o ambiente, a economia e, mais recentemente, a comunidade e a população. “Nesta matéria, apresentámos um fator inovador que é integração de algoritmos de inteligência artificial para termos insights dos dados que estão no modo via analítica, desenvolver tendências e propor algumas soluções”, disse Ricardo Machado, diretor do Departamento de Inovação, Transformação Digital e Economia da autarquia vimaranense.
Também as empresas aproveitaram o SCEWC e, em particular o Smart Portugal, para mostrar soluções para o setor. Entre elas esteve a NOS, que apresentou a visão “Das Cidades 5G a Territórios Inteligentes”, pela voz de Pedro Figueiredo, responsável comercial da área de Administração Pública. “Ao mesmo tempo, apresentámos outras aplicações inovadoras do 5G, como a primeira escola 5G, em Matosinhos, o primeiro hospital 5G – o Hospital da Luz -, e o primeiro estádio 5G, com o Benfica. Mostrámos ainda o nosso Hub 5G localizado fisicamente na Expo [Lisboa] através da realidade aumentada e da representação deste espaço no Metaverso”, acrescentou.
Portugueses num mundo de opiniões
Fora do Smart Portugal, vários parceiros do stand português participaram em mesas redondas e conversas organizadas pelo Smart City Expo World Congress. Foi o caso de Miguel de Castro Neto, convidado a debater com outros especialistas mundiais dois temas-chave: “O que pode o planeamento urbano inovador fazer pela vida nas cidades?” e “Convocando todas as cidades para a ação: Enfrentar a emergência climática”. Também André Barriguinha, professor e diretor Executivo do NOVA Cidade, participou numa talk sobre soluções disruptivas para o futuro, enquanto Pedro Folgado, em representação da OesteCIM, fez parte de um debate sobre planeamento urbano, juntamente com representantes de Espanha, Roménia e Canadá.
Este artigo foi originalmente publicado na edição nº 45 da Smart Cities – outubro/novembro/dezembro 2024, aqui com as devidas adaptações.