Eu sonho viver na cidade perfeita. Desde pequeno que sempre vivi em Lisboa e hoje sonho com uma cidade utópica, uma cidade com menos carros, com menos trânsito, com um ar mais limpo, com uma variedade de opções de transporte que tornem a circulação mais conveniente… uma cidade com menos caos.
Todos os dias entram na cidade de Lisboa mais de 370 mil carros. Entram na cidade vindos dos arredores, levando aqueles que trabalham no centro, ficam parados oito horas e ao final do dia voltam para os seus refúgios. A adicionar a este número estão ainda aqueles que são residentes e que já ali estavam primeiro.
O resultado: uma cidade caótica, onde é um desafio circular e onde o trânsito já tem fama. De acordo com o Índice de Tráfego Global da TomTom relativo a 2017, que avalia o congestionamento de 390 cidades em 48 países, Lisboa é a cidade com mais trânsito da Península Ibérica, sendo que os lisboetas passam, em média, 40 minutos por dia no trânsito.
A pergunta a fazer é: mas porque vêm 370 mil carros todos os dias para Lisboa? A resposta: porque não existe uma alternativa. Os transportes estão cada vez mais saturados e, além disso, não chegam a todas as pessoas que precisam de se deslocar todos os dias para o centro da cidade. A qualquer hora do dia, o trânsito torna-se caótico, os condutores mais irritados e os níveis de poluição não param de aumentar.
É necessário definir uma estratégia integrada de mobilidade que passa pela redefinição do papel dos transportes públicos e pela criação de novas soluções que sejam complementares com o uso de carros particulares.
“É necessário definir uma estratégia integrada de mobilidade que passa pela redefinição do papel dos transportes públicos e pela criação de novas soluções que sejam complementares com o uso de carros particulares”.
A economia de partilha é a solução? Acredito que é uma delas! Face à quantidade reduzida de propostas públicas de novas soluções de mobilidade, é de louvar a quantidade de empresas e novas iniciativas de carsharing que têm sido criadas em Portugal.
Nas suas várias vertentes, estas iniciativas contribuem para um uso mais racional e sustentável dos carros: alugar um carro por cinco minutos ou para grandes viagens, partilhar carros e boleias, alugar o seu próprio carro – todas estas formas de partilha de carro são um elemento chave no desenvolvimento da mobilidade urbana e em manter a saúde ambiental das nossas cidades.
As várias formas flexíveis de partilha de carros permitem que as pessoas possam fazer escolhas mais inteligentes em relação à forma como circulam na cidade, sem estarem “presas” a um carro próprio.
Como tal, é necessária a integração do carsharing no que é considerado a mobilidade tradicional – tal, não só levará apenas as pessoas a circular de forma mais inteligente, como também terá impacto positivo na cidade. Diminuirá, certamente, o congestionamento de carros e melhorará a qualidade do ar que respiramos.
Afinal, quem vive e trabalha nas cidades? As pessoas ou os carros?