Adaptar as cidades para que as pessoas possam viver melhor, assegurando uma mobilidade sustentável e garantindo o conforto procurado pelas pessoas no dia-a-dia, tornou-se a preocupação das entidades públicas que tratam este problema.

Estas assumem o desafio da redução da utilização de automóveis nos centros das cidades, desfrutando de um transporte ativo, cabendo às ciclovias adotadas pelas smart cities a responsabilidade de solucionar os problemas de mobilidade e acessibilidade em segurança com a reversão de transtornos.

Na navegação e entendimento dos ambientes, reconhecemos dois tipos de informação. A primeira é o próprio ambiente: linhas de visão para destinos, objetos existentes que nos ajudam a manter a orientação, localizações intuitivas de entradas e saídas, e, até mesmo, iluminação e sons; a segunda categoria de informações de navegação são os elementos adicionados: sinalização, diretórios, mapas, códigos de cores e outras ferramentas pontuais que nos guiam. Esta combinação de informação passiva e ativa permite a orientação em museus, escolas, aeroportos, hospitais, centros comerciais, etc.

Especialistas em wayfinding são frequentemente procurados para projetar os sinais e definir os locais de decisão. Ao desenvolver uma estratégia de orientação, o projeto de wayfinding considera i) elegibilidade inata de um lugar (ambiente, arquitetura, pontos de referência e contemplação) para minimizar o número de intervenções físicas e evitar a confusão visual, e ii) o comportamento das pessoas: como chegam e saem dos locais, principalmente nas conexões multimodais (ciclovias, transportes públicos, estacionamentos) e como se movem enquanto navegam.

Se os espaços não forem totalmente preparados para a circulação dos usuários, serão difíceis de navegar, mesmo com um projeto e design de sinalização implementado, resultando em sinais desnecessários que criarão não só poluição de sinalização, mas também mais custos.

Desenvolver um sistema de orientação que incentive uma cultura de mobilidade urbana ativa desafia o projeto de wayfinding a determinar o local apropriado para a decisão, a informação que esta deve apresentar e o suporte adequado para entender um espaço público complexo, contribuindo para a redução do congestionamento, emissões de gases de efeito de estufa e pegada de carbono.

Uma bem-sucedida infraestrutura não pode enfrentar apenas “passeios e travessias”, sendo exigível uma abordagem que incentive e melhore a caminhada, o uso da bicicleta e da trotinete como meios de transporte, tratando o sistema urbano complexo e a qualidade ambiental. Após a implementação de pistas, travessias e passadeiras, a introdução de elementos mais tangíveis, conseguidos pelo projeto de wayfinding, torna a infraestrutura “emocional e confortável”. Os espaços são identificados, o fluxo de tráfego é direcionado, a navegação optimizada e a sinalização nestes percursos e ciclovias assumida, o que garante que utentes e turistas não podem visitar ou circular pelas cidades através de sinais de estacionamento e semáforos.

O wayfinding projeta um número importante de informação nos pontos de decisão, com sinalização, direção e contemplação ao longo dos caminhos e rotas, garantindo às pessoas que elas não se perderão. O projeto de wayfinding deve gerenciar a posição, o conteúdo, a instalação e atualizações mais recentes, garantindo que os recursos no mapa não sejam diferentes nos vários pontos de exposição.

Um sistema de orientação e navegação robusto requer informações simplificadas e atualizadas, onde são necessárias, com base nas necessidades das pessoas naquele momento, criando uma nova cultura na caminhada, na ciclovia e no uso do transporte público. Um sistema de orientação na cidade torna-se a própria marca e aumenta a confiabilidade nas informações prestadas, favorecendo a comunicação com os munícipes e visitantes.

O projeto de wayfinding nas cidades assume o desafio de quantificar a relação causa/efeito tangível em relação ao que objetivamos como benefícios. Fá-lo ao conseguir um incremento da caminhada e da ciclovia, com melhoria na utilização e desempenho dos ambientes urbanos, e, com isso, a diminuição significativa no congestionamento das vias de circulação.

As smart cities vão exigir a mudança de atitude e trazer desafios nos instrumentos de gestão territorial e na relação das pessoas com os ambientes naturais e mobilidade sustentável. Cabe ao projeto wayfinding participar na preparação dos espaços, ajudando o indivíduo a percorrer e a entender os percursos de acesso às diferentes áreas de tomada de decisão por um caminho que o leve até ao destino desejado, o que se refletirá na valorização do património histórico, religioso, social, cultural, ambiente e turismo.

As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Smart Cities.