Transparência, rastreabilidade, sustentabilidade e economia local. Estas são as palavras que melhor definem o Saber a Mar – um projecto que procura não só  fomentar a pesca sustentável e a economia local (proporcionando novos postos de trabalho), como aumentar a transparência deste negócio, facultando ao consumidor todo um conjunto de informações (conhecer o barco onde foi pescado e o seu pescador, a data de captura, data de chegada a terra, embalamento, entre outros), através do recurso a QR Codes. Com a vantagem de o pescado ser entregue directamente na casa dos consumidores.

O Saber a Mar permite que o peixe fresco, capturado pelos pescadores que aderiram à iniciativa (já são cerca de 40 embarcações) e transaccionado via Lota Digital – projecto que permite que os pescadores vendam o peixe acabado de pescar em alto mar, que valida a qualidade do produto, antes de este ser enviado ao parceiro que trata do embalamento. Depois disso, o peixe é entregue directamente na casa do consumidor.

Por enquanto, a distribuição só abarca a Zona Oeste (Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral, Torres Vedras, Lourinhã e Mafra) e a Grande Lisboa (Odivelas, Loures, Oeiras e Lisboa), mas a ideia, revelou à Smart Cities, Pedro Araújo Manuel, CEO e fundador da Bitcliq, empresa criadora do projecto, é alargar o Saber a Mar a outras regiões do país, sempre através de parceiras locais.

Alargar o conceito além-fronteiras

O processo é muito simples: basta aceder ao site e fazer a encomenda, que passa por escolher o peso e tamanho (pode ser inteiro ou às postas) das espécies disponíveis. Um ponto importante é que o peixe é, todo ele, preparado com água do mar para manter na íntegra a sua qualidade e sabor. No final, o consumidor recebe o peixe devidamente escamado e eviscerado, o que significa (quase) pronto a consumir, ou, mais precisamente, a ser confeccionado.

As embalagens utilizadas são, garante o responsável, ecológicas, totalmente recicláveis e mantêm a temperatura e conservação do peixe. O que significa que, por um lado, não têm os odores associados ao peixe, e, por outro, que podem ir directamente para o congelador, caso não seja confeccionado de imediato.

Com pouco mais de um ano de existência – surgiu no final de 2019, mas apenas com distribuição nas lojas da Miosótis –, o Saber a Mar já conseguiu alargar o seu âmbito para as lojas Biomercado e Alecrim aos Molhos, e, este ano, entrou no segmento B2C (business-to-consumer), ao permitir entregas ao domicílio. Segundo Pedro Araújo Manuel, a empresa tem tido contactos de distribuidores que pretendem alargar o serviço até à margem Sul do Tejo, mas não só. O objectivo, a longo prazo, será aproveitar a expansão da Lota Digital e aplicar o projecto a outras regiões do país e até mesmo internacionalizar, existindo já conversações com entidades no Norte de África e na América do Sul.