Menos acidentes rodoviários, menos poluição e menos combustível. Um estudo da Universidade de Atenas sobre a redução do limite da velocidade máxima nas cidades europeias conclui que a mudança para os 30 km/h traz benefícios de segurança, mas também ambientais e económicos, entre outros.

O trabalho, publicado na revista Sustainability, avaliou o impacto desta decisão em 40 cidades de 16 países da Europa (nenhuma portuguesa), tendo em consideração os resultados que cada uma alcançou em oito áreas principais: sinistralidade, poluição atmosférica, ruído, trânsito, mobilidade, espaço público, habitabilidade e saúde.

Em todas as temáticas foram registadas melhorias, mas o maior impacto diz respeito à segurança rodoviária, uma vez que os acidentes diminuíram, em média, 23%. Ao mesmo tempo, o número de mortes e feridos graves também baixou, 37% e 38%, respetivamente. Das quatro dezenas de cidades analisadas, 33 atingiram os resultados pretendidos com a implementação desta medida.

Os investigadores verificaram também melhorias a nível ambiental, constatando uma diminuição de 18% nas emissões de gases com efeito de estufa e uma redução da poluição atmosférica em nove cidades. Já o ruído baixou em 13 cidades e diminuiu, em média, 2.5 decibéis (dB).

Além disso, a introdução de um limite de velocidade de 30 km/h em toda a cidade também fez reduzir o consumo de combustível, cerca de 11% em média, sugerindo que as velocidades mais baixas favorecem uma maior eficiência do combustível. Outros dados apontam para menos 4% de congestionamentos de trânsito e para uma melhoria do fluxo de tráfego e dos tempos de viagem.

As conclusões do estudo, realizado por George Yannis e Eva Michelaraki, referem que a medida traz inúmeras vantagens às cidades, mas acrescentam que “requer um planeamento cuidadoso e a consideração de várias questões”. Por exemplo, alertam que “o estabelecimento de um quadro jurídico é crucial para a implementação de um limite de velocidade em toda a cidade, o que envolve a revisão e atualização das leis e regulamentos de trânsito existentes”.

Os investigadores recomendam também que a decisão de estabelecer um limite de velocidade de 30 km/h seja acompanhada por campanhas de sensibilização junto dos habitantes, pela promoção dos transportes públicos e da mobilidade ativa, bem como pela integração de sistemas de transporte inteligentes. “Ao sincronizar os sinais de trânsito com o fluxo de tráfego efetivo, o congestionamento pode ser minimizado, promovendo uma rede de transportes mais suave e mais eficiente”, explica o documento.

George Yannis, além de professor e Diretor do Departamento de Engenharia de Planeamento de Transportes da Escola de Engenharia Civil da Universidade Técnica Nacional de Atenas (NTUA) é também um entusiasta assumido do limite de 30 km/hora. O especialista em segurança rodoviária assumiu mesmo o compromisso de correr 30 maratonas europeias em 30 meses, como forma de promover ativamente esta causa. Até ao momento já correu 26 provas, faltam-lhe apenas Paris (agosto), Varsóvia (setembro), Munique (outubro) e Atenas (novembro).

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