São 27 bicicletas, das quais 17 eléctricas, e já estão a circular pelas ruas de Coruche. As “Campinas” fazem parte do novo sistema de bicicletas partilhadas (bike sharing) do município ribatejano, inaugurado no último sábado, como parte da estratégia de incentivo à mobilidade suave do concelho.
O bike sharing coruchense vem dar à população local e a quem visita a vila uma opção de mobilidade mais ecológica, tirando também proveito da cultura de BTT (bicicleta todo o terreno) existente no município e que leva, todos os anos, a Coruche cerca de 600 atletas para a prova 24 Horas de BTT.
“Na componente desportiva, temos já essa dimensão considerável, agora estamos a falar de levar isso para a mobilidade”, explica Francisco Oliveira, presidente da câmara municipal de Coruche. Para o autarca, as Campinas ajudarão também a colocar o município na linha da frente da mobilidade sustentável, a par de cidades de maior dimensão que estão a apostar em sistemas de bike sharing, como Lisboa.
Nos últimos dois meses, as Campinas estiveram já a ser testadas por alguns funcionários municipais e munícipes e a aceitação foi positiva. No entanto, o autarca sabe que será preciso “incentivar” a população a optar pela bicicleta em detrimento do automóvel, sendo a gratuitidade do sistema uma das estratégias nesse sentido. “O objectivo é que o cidadão se autonomize e possa também ter esta opção e fazer a troca do carro pela bicicleta. É óbvio que vai demorar algum tempo, porque nós, portugueses, não temos essa cultura. Mas a colocação das bicicletas à disposição das pessoas é, de facto, um incentivo”, justifica, identificando um público-alvo crucial: “queremos que os nossos jovens possam aderir e partilhar estas bicicletas de uma forma continuada para a vida”.
Para além das bicicletas, a existência de infra-estrutura ciclável de qualidade e segura é também fundamental nesta mudança. Acrescendo às ciclovias e vias partilhadas existentes, o município quer “dar continuidade aos circuitos de vias partilhadas”, aproveitando o facto de dispor de um centro histórico urbano muito compacto.
A aposta na mobilidade sustentável coruchense não fica só dentro dos limites da vila. Na envolvente, existem já circuitos pedonais, como o Circuito da Cegonha e Circuito do Cavalo, que, segundo o autarca “permitem que as pessoas façam deslocações e caminhadas, passeios”.
Para além disso, Coruche não está a trabalhar sozinho, estando actualmente a ser desenvolvida uma candidatura de um projecto que fará uma ligação ciclável entre os vários municípios da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT). “Estamos a desenvolver esta candidatura, também com a entidade de turismo do Alentejo e Ribatejo, por forma a criar circuitos que possam ser apetecíveis não só para o turista, mas para alguns desta população que se desloca entre os concelhos possa utilizar estas vias e possa utilizar a bicicleta”, revela o autarca.
Como usar as Campinas
As Campinas encontram-se distribuídas em quatro estações, cuja localização foi “estrategicamente” escolhida de forma a conectar pontos centrais da vila: piscinas municipais, Posto de Turismo de Coruche, Paços do Concelho e o terminal rodoviário. Até ao final do ano, munícipes e visitantes podem utilizar as Campinas gratuitamente, com um limite de duas horas de utilização. A partir dessa altura, a tarifa a aplicar será de 1,50 euros por cada duas horas. “É [um valor] mais simbólico e para que haja também uma maior responsabilização dos utilizadores”, refere Francisco Oliveira.
Para utilizar qualquer uma das 27 bicicletas, os interessados poderão registar-se on-line ou utilizar a aplicação gratuita “Campinas” através do smartphone. O acesso pode ainda ser pedido pessoalmente em três pontos da vila: Balcão Único, Posto de Turismo ou piscinas municipais.
O sistema de partilha de bicicletas Campinas representa um investimento de pouco mais de 174 mil euros, dos quais 148 mil foram comparticipados pelo FEDER, no âmbito do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável. As bicicletas foram asseguradas pela Bewegen e o software (sistema de informação e aplicações) ficou a cargo da Bikeemotion, spin-off da Ubiwhere.