O projeto Exhaustion apresentou uma ferramenta interativa que faz uma projeção dos efeitos provocados pelas alterações climáticas na saúde dos habitantes de 954 cidades europeias, entre elas 13 portuguesas.
Este trabalho estima os números de mortalidade que poderão estar associados a futuros cenários climáticos e de emissões de carbono, bem como às políticas de combate às alterações climáticas. A projeção prolonga-se até ao ano de 2099 mas, paralelamente, também são apresentados dados históricos das últimas décadas, mais concretamente entre os anos de 1990 e 2019.
Entre os quatro separadores da ferramenta está um mapa interativo que permite explorar a forma como os impactos climáticos variam geograficamente na Europa, tendo em conta, por exemplo, o aumento da temperatura. Esta análise é feita a nível nacional, regional e local e, no caso de Portugal, apresenta estimativas para 13 cidades: Viana do Castelo, Braga, Guimarães, Póvoa de Varzim, Paredes, Porto, Aveiro, Viseu, Coimbra, Vila Franca de Xira, Sintra, Lisboa e Setúbal.
Depois, apresenta um ranking que permite comparar a classificação das cidades, regiões e países, tendo em conta o impacto projetado, seguindo-se o separador “Todos os dados”, onde é possível aceder e descarregar um conjunto de dados sobre esta temática. Por fim, o separador “Sobre” apresenta informações relativas aos principais conceitos de cenários, medidas de impacto e um glossário, entre outros dados.
A nível geral, este trabalho prevê um claro aumento das mortes relacionadas com o calor, sobretudo no sul da Europa, e também ajuda a identificar as regiões e os grupos etários mais vulneráveis às alterações climáticas, “o que pode servir de base para o desenvolvimento de políticas direcionadas e intervenções de saúde pública”. Desta forma, permite ajudar “as comunidades a adaptarem-se às alterações ambientais e, em última análise, a reduzirem os riscos para a saúde”, dizem os responsáveis.
O projeto Exhaustion é uma iniciativa financiada pela União Europeia que decorreu entre junho de 2019 e janeiro de 2024, sob coordenação do Centro Internacional para a Investigação do Clima, em Oslo, na Noruega. Durante esse período estudou, por exemplo, a relação entre calor, a poluição e as doenças cardiopulmonares e identificou estratégias de adaptação que poderão ajudar a evitar mortes prematuras em bebés e doenças entre pessoas vulneráveis, como os idosos, os doentes crónicos ou as pessoas desfavorecidas a nível socioeconómico.
Entre os mais de 14 parceiros do projeto encontra-se um português, a Universidade do Porto, através do Departamento de Geografia (curso de Climatologia Aplicada).
Imagem de destaque: © Exhaustion