A Associação Limpeza Urbana – Parceria para Cidades + Inteligentes e Sustentáveis (ALU) abriu as candidaturas para os Prémios Cidade+, iniciativa que distingue o trabalho desenvolvido por entidades ou pessoas na área da limpeza urbana. As inscrições estão abertas até dia 31 de maio.
Em entrevista à Smart Cities, o presidente da ALU, Luís Almeida Capão, revela quais as categorias, critérios e expetativas para esta segunda edição. Faz ainda um retrato da evolução do setor nos últimos anos e lembra que “as pessoas querem ruas sem lixo”, tema forte do próximo Encontro Nacional de Limpeza Urbana (ENLU), agendado para julho no Porto.
Quais os objetivos dos Prémios Cidade+ e que expetativas tem para esta edição?
Os Prémios Cidade+ são uma iniciativa da Associação Limpeza Urbana (ALU) que pretende distinguir os melhores projetos e ações em matéria de limpeza urbana em Portugal e que tenham tido impacto positivo na sustentabilidade dos territórios, na otimização e eficiência da operação das entidades responsáveis e, claro, na melhoria da qualidade de vida das pessoas. Em 2023, sentimos que a iniciativa foi muito bem acolhida e levantou o interesse de muitos agentes deste setor, quer na esfera pública, quer na esfera privada – na altura, recebemos mais de 60 candidaturas. Este ano, também em resultado do crescimento que a ALU tem registado, tudo aponta para que possamos receber ainda mais propostas nesta segunda edição.

Contando com as categorias principais e prémios especiais, quantas distinções vão atribuir este ano?
São sete troféus, ao todo. Nas quatro categorias principais (Inovação e Conhecimento; Participação Pública e Cidadania; Estratégia Municipal para a Sustentabilidade; Equipas Felizes), os candidatos são avaliados pelo júri e, no final, os vencedores recebem um prémio monetário de cinco mil euros que pode ser usado para, por exemplo, reinvestir na melhoria do projeto ou das condições das equipas de limpeza urbana. Já os Prémios Especiais são três: Personalidade do Ano; Equipamento/Tecnologia do Ano; Campanha do Ano. Para estes, a distinção é, acima de tudo, de prestígio e reconhecimento do mérito, podendo a candidatura ser feita também por terceiros.
Quais os principais critérios para a escolha dos vencedores?
Nas categorias principais, o júri avaliará as candidaturas com base em cinco critérios: Caráter de Inovação, Sustentabilidade, Impacto na comunidade, Impacto na organização e resultados e Potencial de replicabilidade. Os Prémios Especiais serão, primeiro, votados pelos associados da ALU e, apurados os finalistas, o júri fará também a sua votação.
Como evoluiu o setor da limpeza urbana desde a anterior edição dos prémios (entregues em 2023) até ao momento atual?
O ano de 2023 foi muito importante para a limpeza urbana em Portugal, isto porque, pela primeira vez, foi incluída em documentos estratégicos nacionais enquanto figura independente do setor dos resíduos. Refiro-me, claro, ao PERSU 2030 (Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos), e tal deveu-se muito ao trabalho da ALU, que passou também a estar incumbida de implementar algumas das medidas do plano, como é o caso do Índice Nacional de Limpeza Urbana, que estamos a desenvolver. O setor dos resíduos tem também novas imposições que afetam a limpeza urbana, tais como a obrigatoriedade de recolha de novos fluxos, do SDR – Sistema de Depósito e Reembolso ou da RAP (responsabilidade alargada do produtor).
A instabilidade política dos últimos dois anos, aliada à habitual morosidade de um setor complexo, não ajudou a que estas alterações fossem concretizadas no tempo devido, mas todos sabemos que há muito a fazer. A ALU continua a bater-se pela compensação devida aos municípios no âmbito da RAP para os plásticos de uso único nos resíduos de limpeza urbana e que ajudaria as cidades a minimizar os custos com a atividade e a investirem na melhoria do serviço. Além disso, há cada vez mais interesse na limpeza urbana, o que se deveu também ao mediatismo recente que o assunto teve nas grandes cidades do país, infelizmente pelas piores razões. As pessoas querem “ruas sem lixo” – e esse é o tema que a ALU vai levar ao debate no 7.º Encontro Nacional de Limpeza Urbana (ENLU), que decorre em julho no Porto.
O lançamento desta edição dos Prémios Cidade+ aconteceu durante um evento realizado na semana passada em Montemor-o-Novo, que reuniu várias iniciativas. O que destaca desse encontro?
O evento enquadra-se na estratégia de promoção de boas práticas na limpeza urbana que a ALU tem vindo a desenvolver e, desta vez, dedicada aos temas da deservagem e limpeza de grafitis. Há uma sede muito grande por conhecimento entre os profissionais do setor, que, muitas vezes, se deparam com situações de difícil resolução, quer pela sua complexidade técnica ou desconhecimento, quer pela falta de recursos. A ALU é uma plataforma de diálogo e troca de experiências e, por isso, sentimo-nos no dever de apoiar os nossos associados, mas não só, a encontrarem soluções que respondam às suas necessidades. Este tipo de eventos é uma forma de promovermos essa criação de conhecimento através da partilha e do debate.
Não menos importante é o local que escolhemos e que segue uma lógica de descentralização geográfica. Queremos que a ALU chegue a todo o país e não deixar ninguém de fora. Em Montemor-o-Novo, tivemos uma casa praticamente cheia, o que mostra bem o interesse que existe nos temas relacionados com a limpeza urbana.