A Recadex é um one man show. Licínio Neto inspirou-se no “aparecimento de empresas de estafetas de bicicleta em Lisboa” para criar aquele que é o primeiro negócio ligado à logística urbana em bicicleta em Torres Novas e no qual assume, hoje, “todas as funções necessárias, de estafeta a gerente”. No âmbito da Semana Europeia da Mobilidade, a Smart Cities quis falar com o fundador da start-up para perceber como corre o negócio de um sector que ainda dá, em Portugal, os primeiros passos.
“O conceito foi-se desenvolvendo ao longo do tempo na minha cabeça, até que, por falta de outras alternativas de emprego”, aproveitando o “investimento inicial reduzido” e o apoio da Startup Torres Novas, “decidi arriscar neste projecto”, conta.
Licínio oferece um “serviço de estafeta multifacetado” e todos os dias encarna o papel de “facilitador sustentável”, rolando na sua bicicleta de carga para fazer “entregas de correio, encomendas, take-away, compras, cabazes de produtos biológicos, roupa para lavandaria, ramos de flores” e todos os recados possíveis e imagináveis.
Actualmente, faz “uma média de 10 entregas por dia”. A maior parte são “refeições para entregar ao domicílio ou local de trabalho”, mas “isso é insuficiente para garantir a sustentabilidade da empresa” que criou. O facto de não ter, ainda, um volume de entregas que garanta o sucesso económico da start-up, obrigou Licínio a ser inventivo. E não foi preciso ir longe, a solução estava ali mesmo, no veículo que é a sua ferramenta de trabalho: passou a conjugar as entregas “com publicidade móvel”, através de bandeiras fixas à sua cargo bike.
A logística em bicicleta é, em muitos casos, a forma mais eficiente de movimentar bens e pessoas em meio urbano. A teoria é comprovada, na prática, pelos clientes da Recadex, que “ficam surpreendidos com o pouco tempo” que demora a fazer as entregas.
Licínio oferece um “serviço de estafeta multifacetado” e todos os dias encarna o papel de “facilitador sustentável”, rolando na sua bicicleta de carga para fazer “entregas de correio, encomendas, take-away, compras, cabazes de produtos biológicos, roupa para lavandaria, ramos de flores” e todos os recados possíveis e imagináveis.
O trabalho de Licínio dá-lhe gozo, porque, conta, “quem pedala por gosto não cansa, mas nem tudo corre na perfeição. A logística em bicicleta ainda é uma novidade tímida por cá, e isso faz-se notar sobretudo em meios mais pequenos, como é o caso de Torres Novas.
“Sou impaciente”, admite o fundador da start-up. “Esperava melhores resultados, para ser sincero. Mas como depende só de mim”, continua, “a minha força e criatividade vai impulsionando o negócio gradualmente”. Licínio ainda está a testar a ideia, mas tem a certeza de que “se funciona cá”, em Torres Novas, então “funciona em qualquer outra cidade de maior dimensão”.
Em Torres Novas, revela, o maior obstáculo à entrada da bicicleta no jogo da logística tem sido a “desconfiança” com que os habitantes “vêem qualquer inovação”, assim como “os hábitos adquiridos”, difíceis de mudar. Licínio entende que é o facto de o meio empresarial e o pequeno comércio se encontrarem a “lutar para sobreviver” que os leva a oferecer tanta resistência à mudança. Mas sabe, também, que a bicicleta tem tudo para vingar na logística urbana, principalmente “em cidades grandes com comércio local, restauração e empresas com vigor”, onde “não é fácil um carro estacionar e [onde] uma bicicleta consegue, facilmente, competir com automóveis ou motociclos” em distâncias curtas.
Existe espaço para a bicicleta na logística urbana, faz notar, mas é preciso “fazer entender a viabilidade do serviço” aos empresários, já que a utilização de velocípedes pode conduzir a uma poupança de “metade dos custos”. Basta que o escolham a ele – e à sua cargo bike eléctrica – para as entregas, “em alternativa a um funcionário levar uma viatura da empresa para essas tarefas”.
Quando passa na rua, as pessoas “chegam a bater palmas” e alguns até lhe dão os parabéns pela iniciativa. “Isso deixa-me feliz”, confessa. Licínio pedala “independentemente das condições climatéricas” e agora está a tentar levar o conceito Recadex para o resto do país, encontrando-se a procurar forma de “franchisar” o conceito.