Dimensões artística, cultural, cívica e académica, estão patentes num seminário que vai reunir em Belmonte, durante dois dias, agentes culturais, autarcas, académicos, agentes de desenvolvimento do território e pessoas de diferentes setores de atividade. As inscrições estão abertas.

A Rede Artéria vai promover, no Auditório Municipal de Belmonte, o seminário «Estratégias para inventar o futuro: o Interior em análise no Pós-Pandemia», em que se pretende estabelecer uma relação direta entre o conhecimento académico e as comunidades locais. O desafio lançado nesta iniciativa, agendada para 2 e 3 de setembro – o seminário, que também pode ser acompanhado online, é de acesso gratuito, mas implica inscrição prévia aqui –, é procurar debater novas possibilidades de se pensar o papel que, num futuro próximo, podem vir a ganhar as vantagens menos conhecidas do Interior. E, também, neste aparente paradoxo entre cientistas e cidadãos, qual pode ser o papel da cultura no desenho desses diálogos que visam outros paradigmas de desenvolvimento.

O confinamento, decorrente da crise pandémica, sublinhou a necessidade de se perceberem as potencialidades ímpares dos territórios remotos e de baixa densidade populacional: criação de emprego diferenciado, valorização de recursos materiais e imateriais, harmonia com a natureza, reforço do sentido de comunidade (mais difícil de conseguir nas regiões demasiado povoadas).

Outra concepção que a crise sanitária obrigou a repensar foi sobre o que é, afinal, a inovação – tradicionalmente reduzida apenas à investigação e desenvolvimento (I&D), só possível nos grandes centros urbanos, esquecendo-se que também se pode inovar em territórios periféricos, de outras formas, em diversas escalas, com soluções inesperadas.

REDE ARTÉRIA

A Rede Artéria é um projeto de intervenção sócio-cultural – com coordenação artística do Teatrão e académica do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES UC), cofinanciado pelo Centro 2020 – Programa Operacional Regional do Centro – que promove, desde 2018, uma reflexão sobre a forma como a atividade artística pode contribuir para refundar as bases da cidadania, da democracia e da sustentabilidade.

A intenção original era contribuir para um desenvolvimento territorial mais equilibrado e, sempre que possível, obter um conhecimento científico, cruzando práticas artísticas inovadoras, mas assentes em modelos participativos, capazes de transmitir saberes, tantas vezes, ancestrais.

Assim, em oito concelhos da Região Centro – Belmonte, Coimbra, Figueira da Foz, Fundão, Guarda, Ourém, Tábua e Viseu –, variadas estruturas artísticas foram convidadas a criar espetáculos, mas trabalhando nos contextos de cada um desses locais e sempre em articulação com os municípios, instituições académicas, agentes culturais e estruturas sociais.

No primeiro dia do Seminário, a manhã é dedicada ao tema da «Desaceleração e cultura dos estilos de vida contemporâneos nos territórios de baixa densidade», com a participação de André Barata (coordenador do Praxis e professor da Universidade da Beira Interior-UBI), Graça Rojão (diretora da CooLabora, CRL – Intervenção Social), Hans Eickhoff (médico e investigador, Clínica Europa – Joaquim Chaves Saúde e iCBR – Instituto para a Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra), Pedro Gadanho (director executivo da Candidatura da Guarda à Capital Europeia da Cultura) e moderação de Urbano Sidoncha (professor do Departamento de Comunicação, Filosofia e Política da UBI).

«Criação Artística e Território: Lastro cultural, transformação social e individual» vai juntar, entre as 1115 e as 13h00, Luís Cipriano (maestro da Orquestra Clássica da Beira Interior), Nuno Leão e Ana Gil (diretores artísticos da companhia teatral Terceira Pessoa), Daniel Nave (artista plástico), Graeme Pulleyn (ator e diretor teatral) e Isabel Craveiro atriz, encenadora e diretora artística do Teatrão) que fará a moderação.

Durante a tarde, Francisco Afonso (presidente da Associação Cultural New Hand Lab ), Luís Garra (dirigente sindical têxtil e da União de Sindicatos de Castelo Branco/ CGTP – IN), Patrícia Santos (enóloga – Sociedade 2.5. Vinhos de Belmonte), Domingos Xavier Viegas (professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra – UC) participam numa mesa redonda sobre Biografias, moderada por Elísio Estanque (professor da Faculdade de Economia da UC e investigador do CES UC).

A «Criação e Programação Artística no Território: Impactos Presentes e Desafios Futuros» abre o programa do segundo dia, com intervenções de Isabel Craveiro (atriz, encenadora e diretora artística do Teatrão) e Cláudia Pato de Carvalho (investigadora no CES UC e membro da direção do Teatrão), Claudino Ferreira (investigador no CES UC e professor da Faculdade de Economia da UC), Tiago Sami Pereira (músico e professor), Pedro Costa (professor do Departamento de Economia Política do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa e diretor do DINÂMIA’CET-IUL – Centro de Estudos sobre a Mudança Socioeconómica e o Território), com moderação de Nuno Amaral Jerónimo (professor do Departamento de Sociologia da UBI e investigador do LabCom – Comunicação e Artes da UBI).

Ainda durante a manhã, segue-se um debate moderado por André Barata sobre «Políticas Culturais Territorializadas para o Interior no Pós-Pandemia», no qual vão participar José Reis (professor da Faculdade de Economia da UC e investigador do CES UC), Alcides A. Monteiro (professor do Departamento de Sociologia da UBI), Jorge Sobrado (vereador da Câmara Municipal de Viseu, secretário técnico de Estratégia e Relações Institucionais da CCDR-NORTE e professor universitário) e Helena Alves (Vice-Reitora para o Ensino da UBI).

O Seminário termina com uma discussão sobre «Políticas territoriais: políticas intersetoriais em diálogo» para a qual foram convidados Ana Abrunhosa (ministra da Coesão Territorial), Isabel Damasceno (diretora da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro-CCDRC), Miriam García Cabezas (secretária geral da Cultura da Junta da Estremadura), Suzana Menezes (diretora regional de Cultura do Centro), Paulo Fernandes (presidente da Câmara Municipal do Fundão e presidente do Conselho Regional da CCDRC) e António Rocha (presidente da Câmara Municipal de Belmonte).

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