As prioridades de consumo estão, claramente, a mudar. Em 2023, a pesquisa por “bens usados”, incluindo as expressões “segunda mão” e “usado como novo” aumentou mais de 70% em comparação com o ano anterior, tendo em 2024 sido este o segmento online com maior crescimento. E embora esta seja uma tendência verificável em muitas áreas – do vestuário ao calçado e acessórios, passando pelo mobiliário, veículos e produtos desportivos -, é na eletrónica de consumo que os dados indicam maior impulso.

Fortemente associada ao público final (modelo Business to Consumer ou B2C) e aos desafios do crescente custo de vida, a natureza do mercado dos usados conta também com máximos históricos do lado das empresas (modelo Business to Business ou B2B), muito impulsionados pela democratização do comércio eletrónico e por motivações ecologicamente responsáveis.

Num mundo caracterizado por uma evolução tecnológica imparável, marcada pelo lançamento constante de novos modelos, surge no mercado uma alternativa cada vez mais atraente para um maior número de consumidores individuais e corporativos: a dos computadores portáteis e periféricos (como impressoras multifunções e telemóveis) usados.

Não nos enganemos: uma das principais razões que levam à escolha de um equipamento usado é o custo-benefício do negócio. Tratam-se de dispositivos que custam, geralmente, entre 30% a 50% menos do que um modelo novo equivalente, uma economia substancial que também torna a tecnologia de ponta mais acessível a um público mais amplo, que inclui estudantes e pequenas empresas. Sabe-se que os compradores também vêem os usados como uma forma de aceder às melhores marcas e, no caso dos dispositivos tecnológicos, é mais provável que procurem marcas específicas do que produtos genéricos ou de marca branca.

Contrariamente à crença popular, os computadores portáteis e periféricos usados passam por um processo rigoroso de inspeção, restauração e teste, sendo sujeitos a padrões de avaliação de qualidade mais elevados do que os dos equipamentos novos, garantindo que funcionam como tal. Acresce ainda o facto de muitos serem entregues com garantia inerente ao contrato, oferecendo um selo de segurança adicional ao comprador. Apesar de apenas uma reduzida percentagem de consumidores priorizar os modelos mais recentes, é precisamente a falta de confiança no processo de revisão que impede a preferência pelos dispositivos usados. Nesse sentido, compete às marcas, aos retalhistas e restantes agentes do mercado o desenvolvimento de iniciativas específicas (como a produção de conteúdo informativo online) dedicadas aos usados e às suas vantagens.

A escolha de um portátil ou periférico usado é, também, uma decisão ambientalmente consciente. Ao estender a vida útil dos dispositivos, reduz-se significativamente o lixo eletrónico, um problema crescente do mundo digital em que vivemos. Em 2022, foram geradas 62 milhões de toneladas de lixo eletrónico a nível global, um número alarmante e que está a crescer cinco vezes mais depressa do que as taxas de reciclagem documentadas. A sustentabilidade pode ainda não ser suficiente, por si só, para influenciar a decisão de compra, mas quando combinada com outros aspetos, como o preço e a qualidade, funciona como fator de desempate.

Num setor tecnológico que pode (e deve) ser uma força para o bem – tanto para os consumidores como para o planeta -, os computadores portáteis e periféricos usados representam, assim, uma solução win-win. São sinónimos de tecnologia de qualidade a preços acessíveis, reduzem o desperdício eletrónico e promovem uma economia mais circular.

No final, ao optarmos por um equipamento informático usado, estaremos (ainda) a fazer uma escolha meramente racional? Ou a contribuir (também) para um futuro mais sustentável? Que diferença pode fazer a redução individual da pegada ecológica no mundo global em que vivemos? Quando multiplicarmos o número de vidas úteis dos equipamentos que usamos, importará bastante mais do que se imagina.

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