O Nova Batida é o novo festival da cidade de Lisboa. Vai acontecer nos dias 14 e 15 de Setembro e o LX Factory e o Village Underground, em Alcântara, servirão de palco para a música. Mas esta “não é apenas uma festa de música”. O recinto deixa de ter limites bem definidos e espalha-se pela cidade. Idas à praia, tours pela cidade, aulas de ioga, festas em barcos e roteiros gastronómicos: tudo isto faz parte do festival que quer “englobar tudo” e quer que as pessoas “se comprometam com a cidade”.

Os contentores, que são casa de start-ups, do Village Underground e a vizinha paisagem industrial do LX Factory, agora tomada de assalto pelas indústrias criativas e por lojas e restaurantes da moda, são o ponto de encontro musical do Nova Batida. Este é um festival que parece querer diferenciar-se dos demais por desenvencilhar-se do seu recinto e entrar pela cidade e arredores. À Smart Cities, Rob Waller, da organização, revela que o festival está à procura de “criar uma experiência alargada que envolve algumas das melhores coisas para fazer” em Lisboa. Passeios pela cidade “em ligação com empresas turísticas”, “aulas de ioga”, idas à praia e aulas de surf, mas também roteiros gastronómicos e festas em barcos e em vários locais da cidade.

No início, a ideia era “convidar os amigos”, porque este “é basicamente um projecto de amor”. Os organizadores do Nova Batida são “um colectivo de promotores e fãs de música ingleses que vivem em Lisboa” e que não estão “à espera de fazer dinheiro com o festival”. Contam que são “completamente independentes e autofinanciados” e que não receberam “qualquer apoio financeiro de mais ninguém”.

Por enquanto, o sítio web do festival encontra-se apenas disponível em inglês, mas essa é uma realidade que vai mudar, até porque já se pensa numa segunda edição. “Para o segundo ano”, contam, a ideia passa por “estender ao português e ao francês”. Mas a língua já deixou de ser uma barreira. “Percebemos que uma percentagem muito alta dos portugueses fala inglês”. E a verdade é que, apesar de, para a organização, este ser um festival direccionado para “um público muito internacional”, “aproximadamente” 50% da audiência garantida é portuguesa. Depois, muitos virão “a partir do Reino Unido, predominantemente de Londres”, mas também de França, Austrália, Brasil e Estados Unidos da América. Para este primeiro ano, a capacidade do recinto (leia-se LX Factory e Village Underground) está fixada nas 3 mil pessoas.

Nova Batida?

“O nome traduz-se para ‘a new beat’.” Explicam-nos que em inglês a frase ‘dancing to a new beat’ (em português, dançar ao som de uma nova batida) significa “uma nova era” ou “uma nova geração”. É, em termos gerais, assim que a organização encara o projecto. No que respeita à música, focam-se “em bandas que tenham lançado música no último ano”. Mas centram-se também na experiência, em viver comprometidamente a cidade e os lugares que a rodeiam e é desta forma que procuram diferenciar-se da oferta vasta: ligando as performances musicais à vida da própria cidade, integrando-a.

“Estamos a fazer da totalidade de Lisboa o recinto do festival”. A ideia é que as pessoas não se fiquem pelo recinto, pela música, e que saiam. “Que desfrutem dos restaurantes e dos bares, da arquitectura e da fantástica atmosfera”, seja nas praias da Costa de Caparica, seja no Bairro Alto.

Rob Waller faz parte da organização do Nova Batida.

 

Um festival que “não tem nada a ver com negócios”

Apesar de o ponto de encontro estar situado no centro de dois dos principais hubs de empreendedorismo e fulgor criativo, este é um festival que “não tem nada a ver com negócios”. A escolha da localização deste festival urbano prende-se, antes, com o dinamismo cultural e a diversidade dos locais. O Village Underground tem uma ligação com Londres – tal como a organização – “e isso é óptimo para algum do público inglês que virá”.

“Mais do que pessoas empreendedoras e do mundo das start-ups, estamos à procura de pessoas criativas. Entre as pessoas que vêm ao festival, está uma percentagem alta de pessoas que trabalham nas artes, na moda e no sector criativo.”

A cidade pode esperar impacto económico positivo – esta é a opinião da organização. Afinal, este é um festival desenhado para não se ficar só pelo recinto e para expandir-se cidade fora. “Esperamos 3 mil pessoas a gastar o seu dinheiro nos serviços de Lisboa: nos bares, nas discotecas e nos restaurantes. Estamos à espera de que as pessoas saiam e explorem a cidade”, já que “a natureza das pessoas que vêm [ao Nova Batida] é generalizadamente mais aventureira do que o turista habitual”.

O cartaz do Nova Batida inclui o nome de artistas como Little Dragon, Mount Kimbie, Max Cooper, Peanut Butter Wolf ou Gilles Peterson, e pode ser consultado aqui.