A MUBi – Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta teme que, com o regresso de milhares de portuenses às rotinas diárias, “muitos dos que utilizavam transportes colectivos” hesitem agora em fazê-lo, prevendo um “incremento da utilização do transporte individual motorizado” e da poluição atmosférica. Para evitar isso, a secção do Porto da associação lançou um conjunto de recomendações ao município, entre as quais estão o encerramento “temporário ou permanente” de vias de trânsito e a implementação de “ciclovias de emergência”.
A redução da lotação dos transportes públicos para dois terços, aliada ao desenho da cidade do Porto, que, segundo a associação de promoção da bicicleta, é feito “em função da utilização de veículos motorizados”, leva a MUBi a temer um “acréscimo do congestionamento e poluição” na cidade. Com o progressivo desconfinamento e o “regresso à rotina diária de milhares de cidadãos, muitos dos que utilizavam transportes colectivos hesitarão em continuar a fazê-lo”, antevê a associação. Para evitar “o trânsito, o ruído, o stress e a poluição de volta”, a MUBi Porto decidiu lançar catorze recomendações à câmara municipal do Porto (CMP).
Acreditando que “voltar à ‘normalidade’ não é uma opção e que esta é uma oportunidade de mudar o paradigma das políticas de mobilidade, tornando o Porto uma cidade mais humana, segura, saudável e ecológica”, a associação acredita que “a bicicleta tem um papel importante na solução para o problema” e que pode ser uma “aliada na saída do confinamento”. Entre as sugestões que faz, está a redução, “temporária ou permanente”, de vias nos eixos de circulação motorizada “com mais que uma via de trânsito em cada sentido”. O objectivo é “acalmar o tráfego motorizado” e, assim, “reduzir o risco rodoviário para todos”, sugerindo intervenções deste tipo em eixos como a Avenida da Boavista ou a Avenida de Fernão de Magalhães.
Para as vias encerradas, a proposta da associação vai no sentido de estas servirem a população enquanto “corredores sanitários” destinados às deslocações a pé e de bicicleta e garantindo “um maior distanciamento físico aos cidadãos”. O alargamento de passeios, em ruas em que a largura destes seja limitada, recorrendo à ocupação de lugares de estacionamento, é outra das propostas deixadas à CMP.
“Ciclovias de emergência”
À semelhança daquilo que está a ser feito em Bogotá, Barcelona, Berlim, Milão ou Bruxelas, a MUBi propõe a criação de “ciclovias de emergência”, cuja execução pode ser realizada “com recurso a técnicas rápidas e pouco dispendiosas” nos troços para os quais o município previa já a implementação de vias cicláveis, acelerando assim a sua implementação.
Para que a actual gratuitidade do estacionamento na cidade “não funcione como um incentivo à deslocação de carro dentro da cidade”, propõe-se ainda “o regresso do pagamento dos parquímetros”. Entre as 14 medidas elencadas pela associação que promove a utilização da bicicleta enquanto meio de transporte, estão ainda a criação de “corredores BUS de emergência”, um aumento da “atenção ao estacionamento de veículos motorizados em ciclovias e passeios”, um problema que a associação considera “recorrente” no Porto, e a redução do limite de velocidade para 30 quilómetros por hora nas ruas da cidade, excepto no caso de vias estruturantes.
Ao propor a adopção destas medidas, a intenção da associação é a de que estas “possam ser o início da transformação do espaço urbano da cidade”, contribuindo para a “salvaguarda da saúde de todos a curto e longo prazo”. À semelhança das recomendações lançadas para a cidade do Porto, a MUBi propôs também à câmara municipal de Lisboa (CML) a adopção de medidas para “combater a pandemia covid-19”.