Quais são as melhores cidades do mundo para pedalar? O Copenhagenize Design Co. já fez a sua avaliação e, no topo da lista, estão os suspeitos do costume: Copenhaga no lugar cimeiro, seguindo-se as cidades holandesas de Utrecht e Amesterdão. Por enquanto, não há nenhuma portuguesa no ranking, mas, por cá, há, pelo menos, planos para criar um índice semelhante nacional. O que falta? Antes de mais, “é preciso recolher, organizar e estruturar os dados necessários, ou então serem as próprias cidades a fornecer os dados” para análise, explica o especialista em urbanismo, arquitectura e mobilidade David Vale.

O Copenhagenize Bicycle Friendly Cities Index 2017 analisou 136 cidades, um crescimento significativo em relação às 80 que entraram para as contas da primeira edição do ranking bianual, realizado em 2011. O índice é elaborado pela Copenhagenize Design Co., empresa de consultoria na área da mobilidade urbana, liderada por Mikael Colville-Andersen, figura de proa mundial na promoção da bicicleta enquanto meio de transporte.

Docente da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, David Vale manifestou recentemente a intenção de criar, para Portugal, um índice semelhante, capaz de classificar as cidades quanto à sua “ciclabilidade” e quanto ao empenho político das autarquias nacionais. Revela, agora, à Smart Cities, os passos que têm sido dados. “O índice de ciclabilidade está a avançar. Estamos neste momento a concluir a escolha dos indicadores para medição dos critérios que irão compor o índice, tendo por base a informação disponível em Portugal. Esperamos ter este processo concluído até final de Junho”, informa. O objectivo definido passa por avaliar anualmente, e a começar já em 2017, “que pontuação é que determinada cidade/concelho obtém”.

O que significa ser uma “cidade amiga da bicicleta”? Aqui pertencem as cidades que há muito apresentam as melhores condições para o uso da bicicleta, mas também aquelas cujas autarquias revelam uma vontade séria de ver mais velocípedes nas ruas. Para o índice, são levados em consideração 14 factores distintos, que mostram, no entender da consultora, quais as cidades mais bem preparadas para receber bicicletas no contexto das deslocações urbanas, mas também quais as cidades que mais esforços têm empreendido na promoção deste meio de transporte. Entre os factores alvo de análise, encontram-se a existência de grupos de promoção da bicicleta e o seu nível de influência local, as infra-estruturas de apoio aos ciclistas urbanos (como é o caso da rede de ciclovias, do estacionamento para velocípedes ou do espaço para bicicletas disponível nos transportes públicos), as redes de bicicletas partilhadas, a repartição modal das bicicletas no total das deslocações dentro da cidade, a utilização das melhores práticas internacionais na implementação de infra-estrutura ciclável e o clima político da autarquia em relação aos velocípedes.

Do restante top 20, constam ainda cidades como Montreal (Canadá), Berlim (Alemanha), Malmo (Suécia) e Barcelona (Espanha). As maiores descidas dentro do grupo cimeiro foram protagonizadas por Nantes (França) e Sevilha (Espanha), enquanto Paris (França) e Viena (Áustria) destacaram-se pela positiva. Tóquio (Japão), Helsínquia (Finlândia), Oslo (Noruega) e Munique (Alemanha) estrearam-se este ano nos lugares cimeiros.