As alterações climáticas representam uma das principais ameaças à sustentabilidade da nossa sociedade, sendo a ciência climática clara: fenómenos climáticos extremos serão mais intensos e frequentes.

De acordo com a Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas de Azambuja (EMAAC, Azambuja, 2018) os principais impactes esperados para o município serão o aumento da temperatura média anual, em especial das temperaturas máximas, a diminuição da precipitação média anual, o aumento dos fenómenos extremos de precipitação e a diminuição do número de dias de geada. Estes impactes evidenciam-se principalmente através dos períodos de seca extrema e do agravamento de incêndios, bem como da ocorrência de chuvas intensas, que afetam a agricultura, a saúde da população, a conservação de habitats e a resiliência de infraestruturas críticas.

A par disso, com a situação pandémica vivenciada atualmente, as tendências correntes de apelo ao consumo, de crescimento da procura e, consequentemente, de uma forte pressão nos recursos naturais indicam-nos o quão decisiva teria de ser a mudança comportamental e de estilos de vida futuros de todos nós, existindo a necessidade de o município estabelecer uma visão alargada, apoiada num modelo de gestão para as próximas três décadas, mais sustentável e assente no caminho da descarbonização. O [caminho] de uma economia mais verde, para assegurar o desenvolvimento económico; de melhoria das condições de vida e de emprego, assim como de regeneração do capital natural.

O futuro terá de contemplar uma abordagem estratégica apoiada na economia circular, atendendo aos princípios dos 4 R’s (Redução, Reutilização, Recuperação e Reciclagem de materiais e energia), ao substituir o conceito de fim de vida da economia linear por novos fluxos circulares, através de um processo integrado.

Azambuja entendeu que tinha um papel a desempenhar nesta transformação e pretendeu ser um dos primeiros municípios a ter um Roteiro para a Neutralidade Carbónica em 2050, alinhando os seus planos estratégicos de acordo com o compromisso nacional da neutralidade carbónica e com a recentemente aprovada Lei de Bases do Clima. Pretendeu-se um documento que identificasse ações e projetos concretos a desenvolver ao nível da energia, dos transportes, dos resíduos e da agricultura, floresta e outros usos do solo, e tornasse o município mais sustentável e competitivo. A identificação da origem das suas emissões e sua quantificação foram os primeiros passos para que o município compreendesse o seu potencial de atuação.

O envolvimento das partes interessadas (públicas e privadas) do município em todas as etapas do desenvolvimento do Roteiro foi fundamental neste processo estratégico para o reconhecimento de que o caminho para a neutralidade carbónica deverá ser percorrido colaborativamente, em parceria e sinergia com as diversas partes interessadas. Em abril de 2022, ficou concluído o Roteiro municipal, tendo sido identificadas as medidas que impulsionarão este processo, alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, das Nações Unidas, a par com o estabelecimento de um sistema de monitorização e de um plano de financiamento.

O alcance de um balanço neutro entre as emissões de gases com efeito de estufa e o sequestro de carbono é um objetivo ambicioso que requer alterações estruturais. Contudo, o Roteiro Municipal para a Neutralidade Carbónica da Azambuja em 2050 evidencia que é possível promover uma transição energética eficiente e socialmente justa, através da introdução de políticas e tecnologias inovadoras, e de mudanças para comportamentos e estilos de vida mais sustentáveis.

“Em abril de 2022, ficou concluído o Roteiro municipal, tendo sido identificadas as medidas que impulsionarão este processo, alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, das Nações Unidas, a par com o estabelecimento de um sistema de monitorização e de um plano de financiamento.”

O nosso trabalho não ficou por aqui, a realização do Roteiro Municipal para a Neutralidade Carbónica foi apenas o primeiro passo; agora, temos o caminho traçado e pretendemos implementá-lo. Teremos anualmente um relatório de avaliação do estado de implementação do Roteiro, que permitirá avaliar os esforços realizados e os resultados obtidos.

Azambuja continuará atenta aos desafios crescentes relacionados com as alterações climáticas, a economia circular e a saúde ambiental, comprometendo-se a dar o seu contributo e garantido o envolvimento de todos neste caminho, por forma a que as respostas necessárias a estes desafios estejam alinhadas com a competitividade das empresas e o bem-estar dos nossos cidadãos.

As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Smart Cities.