Integrado na NUT III Baixo Mondego, na zona de fronteira com o Baixo Vouga, o concelho de Cantanhede tem uma localização estratégica privilegiada, em função da sua proximidade às cidades de Coimbra, Aveiro e Figueira da Foz, das quais, aliás, se encontra praticamente equidistante. Adicionalmente, a circunstância de haver, nos extremos Nascente, Poente e Sul do território, acessos diretos à A1, à A17 e à A14, respetivamente, coloca o município numa posição de relevo no âmbito dos principais eixos rodoviários nacionais, o que, a somar à existência de dois dos mais importantes portos do país (Aveiro e Figueira da Foz) a cerca de 40 quilómetros, favorece imenso o seu contexto geoestratégico.
A consciência de que esta realidade é um valioso ativo que era preciso aproveitar devidamente levou o Município de Cantanhede a empreender uma estratégia de desenvolvimento orientada para a qualificação e diferenciação da sua base económica, processo que veio a adquirir expressão relevante com as dinâmicas geradas em torno do Biocant Park, o primeiro parque tecnológico do país especializado em biotecnologia, cuja origem reside numa parceria da autarquia com a Universidade de Coimbra e a Universidade de Aveiro.
O modelo adotado no início do projeto tem sido generalizadamente entendido como uma boa solução para fomentar o encontro de objetivos entre a investigação científica e tecnológica e a rentabilização económica da ciência, tanto mais que a maioria das empresas do Biocant Park é resultado da vocação empreendedora de jovens cientistas. Os benefícios deste ecossistema de inovação decorrem também do efeito âncora gerado pela capacitação dos seus núcleos de I&D (Investigação & Desenvolvimento), o que tem revertido na instalação de empresas que precisam de recorrer aos serviços e a soluções de transferência de tecnologia aí disponíveis.
Com a estratégia seguida, o concelho reforçou significativamente as suas vantagens competitivas, tal como preconiza o plano de desenvolvimento estratégico que a autarquia tem vindo a implementar através da articulação das ações elencadas em três eixos estruturantes: o primeiro aponta para a dinamização da economia através da atração de empresas com capacidade de inovação e para o aproveitamento das cadeias de valor existentes; o segundo diz respeito à qualificação e revitalização das zonas urbanas, criando condições estimulantes e atrativas para novos residentes e garantindo a crescente elevação dos níveis de qualidade de vida e de sustentabilidade, incluindo nos espaços rurais; e o último incide na promoção de uma oferta cultural diferenciada e na valorização dos recursos naturais e patrimoniais para afirmar Cantanhede como destino turístico, rentabilizando ainda o enorme potencial da gastronomia e do enoturismo associado à reconhecida qualidade dos vinhos produzidos num vasto terroir considerado de exceção. A concretização destas orientações estratégicas passa ainda pelo envolvimento dos agentes económicos e socioculturais, assim como pelos objetivos e projetos mobilizadores conducentes a ciclos de melhoria.
Uma aposta decisiva tem sido o reforço dos fatores que favorecem o desenvolvimento empresarial, nomeadamente na aquisição de terrenos para ampliação das zonas industriais e na execução das respetivas infraestruturas – processo que se tem acentuado para corresponder ao significativo aumento da procura de lotes por parte de empresas que, na maioria dos casos, operam em setores de elevado valor acrescentado.
Área preferencial de investimento é também a educação. Depois da construção de três novos centros educativos, estão em curso ou em vias de ser iniciadas intervenções de fundo em várias escolas de diferentes graus de ensino, incluindo o secundário, nos termos de projetos elaborados para as dotar de condições adequadas para a resposta às novas exigências pedagógicas.
“A câmara municipal pretende avançar com a expansão da cidade na parte Nascente (…). A ideia é promover a integração do parque verde e de vários equipamentos coletivos numa zona urbana concebida segundo os mais atualizados conceitos de inclusão social, segurança, resiliência e sustentabilidade aplicáveis a intervenções dessa natureza.”
Noutra vertente, está a ser concluído um ambicioso plano de requalificação da rede viária destinado a melhorar a acessibilidade às zonas com maior dinamismo económico, plano esse que inclui obras nas vias estruturantes e também em algumas estradas secundárias.
Paralelamente, a autarquia tem apostado na regeneração urbana em todo o território, com destaque para Cantanhede, onde foram concretizados projetos importantes no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU). Além dos investimentos em habitação social, na requalificação urbana e em equipamentos coletivos, o PEDU contemplou a execução de uma rede ciclável entre o centro da cidade, a zona escolar e o forte polo empregador situado na zona industrial de Cantanhede, e no Biocant Park, tendo esta sido recentemente aumentada com mais um troço em direção a Norte, até à Pocariça.
Entretanto, a câmara municipal pretende avançar com a expansão da cidade na parte Nascente e já tem em seu poder o projeto elaborado para o efeito. A ideia é promover a integração do parque verde e de vários equipamentos coletivos numa zona urbana concebida segundo os mais atualizados conceitos de inclusão social, segurança, resiliência e sustentabilidade aplicáveis a intervenções dessa natureza. O elemento à volta do qual se desenvolve a solução proposta é uma grande praça que terá como elemento dominante o auditório a construir na área que corresponde atualmente à entrada principal do Parque Expo-Desportivo de S. Mateus.
O projeto visa ainda dinamizar o mercado habitacional através da criação de novas áreas residenciais, gerando condições para satisfazer a crescente procura de habitação por parte de novos residentes.
As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Smart Cities.