Por: Rui Gidro, Partner da Deloitte, e Ricardo Martins, Associate Partner da Deloitte
O turismo é uma atividade económica cada vez mais relevante para Portugal e, em particular, para as cidades, não só com um impacto significativo na criação de riqueza e de postos de trabalho, mas também com impacto nos serviços e na cidade.
O fluxo de turistas, cada vez menos sazonal e mais disperso geograficamente, coloca uma enorme pressão nos serviços das cidades, e, consequentemente, na qualidade de vida dos seus residentes habituais. Para além da pressão gerada nos aeroportos, as cidades vêem-se perante problemas de capacidade nos hotéis, restauração, aumento do trânsito nos centros urbanos, da produção de resíduos e do número de pessoas a procurar zonas turísticas.
Num contexto de recuperação pós-Covid, e perante a ameaça iminente de uma recessão económica, é essencial que as cidades, especialmente as com maior atividade turística, comecem a pensar em sistemas integrados de gestão urbana, que lhes permitam identificar e antecipar situações onde os serviços urbanos possam vir a deteriorar-se perante tais fluxos turísticos, isto de forma a garantirem a melhor experiência aos seus cidadãos e visitantes.
Dando um exemplo prático, com base neste sistema, uma cidade poderia saber com alguma exatidão o número de residentes extra num determinado período de tempo devido ao fluxo turístico, podendo, desta forma, otimizar a recolha de resíduos urbanos, a gestão do estacionamento, bem como aumentar a segurança e o patrulhamento em zonas com maior afluência.
Uma solução poderia passar por, como já acontece nas Ilhas Canárias, digitalizar a experiência do turista, proporcionando-lhe serviços adicionais em troca de alguma informação sobre os seus gostos, preferência e deslocações. O primeiro passo seria a criação de redes WiFi, partilhadas pelos principais pontos turísticos, como aeroportos, estações de comboios, hotéis, restaurantes e monumentos, à semelhança da que existe hoje a ligar o sector da educação a nível europeu, chamada “Eduroam”.
Esta rede nacional, acompanhada por um Portal/App, permitiria personalizar a experiência do turista, dando-lhe acesso a um serviço de Concierge Digital que lhe possibilitaria, entre outros serviços, reservar hotéis, recomendar restaurantes e proporcionar-lhe as melhores experiências culturais e recreativas em cada região. Como benefício para as cidades, além de dinamizar a economia e o comércio local, este sistema iria proporcionar dados relevantes sobre o fluxo dos visitantes, o que permitiria facilmente antecipar a pressão sobre os serviços municipais e melhorar a sua gestão.
Dando um exemplo prático, com base neste sistema, uma cidade poderia saber com alguma exatidão o número de residentes extra num determinado período de tempo devido ao fluxo turístico, podendo, desta forma, otimizar a recolha de resíduos urbanos, a gestão do estacionamento, bem como aumentar a segurança e o patrulhamento em zonas com maior afluência.
Sendo o fluxo de pessoas um aspeto fundamental na gestão das cidades, este poderia ainda ser otimizado através da oferta de serviços que permitissem redirecionar as pessoas para diferentes zonas da cidade (ex.: promoções de restauração, comércio ou eventos culturais), bem como dissuadir o fluxo de pessoas a determinadas horas, dando-lhe informação em tempo real (ex.: tempo de espera em monumentos ou número de veraneantes numa zona balnear).
Este tipo de iniciativas, além de melhorarem a experiência dos turistas e dos residentes, irão certamente contribuir para uma otimização da gestão urbana, que, no seu conjunto, irá contribuir para a inovação e diferenciação do sector do Turismo em Portugal.
As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Smart Cities.
ESTE ARTIGO CONTA COM O APOIO DA DELOITTE