Um grupo de investigadores do Centro de Física Teórica e Computacional da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa lançou, em parceria com duas universidades espanholas, um mapa de risco de propagação da covid-19. O modelo utiliza padrões de mobilidade e a distribuição geográfica dos casos identificados para prever a propagação da pandemia pelo país.
Ao todo, são três mapas: um para Portugal, um para Espanha e outro para o Brasil. O projecto de mapeamento do risco de propagação comunitária da covid-19, apresentado, em finais de Março, pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa), é coordenado pela Universitat Rovira i Virgili e pela Universidad de Zaragoza, em Espanha. Em parceria com a instituição de ensino superior portuguesa, o resultado, no caso português, é um mapa interactivo que permite consultar o risco de propagação da covid-19 em cada um dos concelhos nacionais.
Para os dados que apresenta, a equipa do projecto utiliza um modelo preditivo que leva em consideração três factores para a propagação do vírus que causa a doença covid-19: a composição demográfica, a dinâmica de transmissão, tendo em conta a distribuição geográfica dos casos já identificados, e os padrões de mobilidade em Portugal.
Em Portugal, o projecto conta com o trabalho de um grupo de investigadores do Departamento de Física e coordenador do Centro de Física Teórica e Computacional da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (CFTC) e tem como parceiros a Data Science Portuguese Association, a Closer Consulting e a NOS. O grupo português de comunicações contribui com o fornecimento de dados recolhidos a partir das localizações de dispositivos móveis, permitindo traçar os padrões de mobilidade recorrente em Portugal.
Para Nuno Araújo, professor do CFTC, “a possibilidade de fazer previsões a nível regional é muito importante para auxiliar na decisão, uma vez que permite estimar as necessidades de apoio locais, bem como avaliar a eficiência de cordões sanitários ou outras medidas de contenção local”. O docente começou a trabalhar no projecto no início de Março, juntamente com Hygor Piaget Melo, investigador pós-doutorado do CFTC.
“Em breve”, a própria Direcção Geral de Saúde (DGS) deverá começar a contribuir para o projecto através do envio de dados oficiais relativos à evolução da pandemia, informa a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa em nota de imprensa.
O modelo preditivo, cujas previsões diárias já se encontram disponíveis para consulta pública, será alvo de actualizações e validações em função da evolução dos dados e da mudança de padrões de mobilidade, em constante alteração com a implementação de diferentes medidas de contenção. No sítio web do projecto, é ainda possível consultar uma secção de perguntas e respostas, assim como a descrição do modelo utilizado e as suas vantagens e limitações.