De uma forma directa, indirecta e induzida, o sector dos resíduos, em Portugal, tem um impacto de 5,4 mil milhões de euros na economia e emprega 64 mil pessoas. As conclusões são do “Estudo sobre a Relevância e o Impacto do Sector dos Resíduos em Portugal na Perspectiva de uma Economia Circular”, promovido pela associação Smart Waste Portugal e levado a cabo pela sociedade de consultores Augusto Mateus & Associados. Mas ainda há muito a fazer, no que diz respeito à valorização de resíduos, e revela-se cada vez mais necessário aproveitar o potencial da economia circular. Augusto Mateus, presidente da Mateus & Associados, assume que “uma atitude mais proactiva em torno da problemática da circularidade poderá desempenhar um papel nuclear no processo de transição da economia portuguesa”.
O estudo revela que, em 2014, a economia nacional gerou cerca de 14,6 milhões de toneladas de resíduos, sendo que apenas 10,8 milhões de toneladas foram valorizadas e 22% do total ainda apresentava como destino final a deposição em aterro. Dos resíduos que acabam em aterro, 2,3 milhões de toneladas correspondem a resíduos urbanos e 1,4 milhões a resíduos sectoriais. De acordo com o presidente da Smart Waste Portugal, Aires Pereira, este estudo pretende alavancar o desenho de “políticas públicas mais ajustadas ao futuro” e que promovam a transição para uma economia circular.
Entre os sectores que mais contribuem para a circularidade, valorizando mais recursos relativamente àquilo que consomem, encontram-se os da madeira e cortiça, com uma valorização de recursos de 93,8%, e o das máquinas, equipamento e material de transporte (93,4%). No fundo da lista encontram-se os sectores da electricidade, gás e água quente, com 18,4%, e o sector das petrolíferas, com 40,3%).
As estatísticas oficiais disponibilizadas, mostram que o trabalhador português gera, em média, 4 quilos de resíduos sectoriais, um valor cinco vezes inferior ao da média europeia, sendo que 85% do total destes resíduos são valorizados, em comparação com os 60% registados em 2008. Também em relação aos resíduos urbanos, Portugal fica abaixo da média europeia: cada português gera 440 quilos de resíduos por ano, em relação aos 449 quilos registados pela média europeia.
Por fim, o estudo aponta algumas áreas fundamentais para que a economia nacional alcance maiores níveis de circularidade, entre as quais figuram a fabricação de máquinas, equipamentos e material de transporte, a Construção, as metalúrgicas de base e produtos metálicos e o comércio e serviços. Segundo Augusto Mateus, “importa reunir o maior número de actores relevantes para dar o impulso necessário às práticas circulares em Portugal”.
Formado por 2705 entidades, em 2014 o sector dos resíduos em Portugal empregava directamente cerca de 23 mil trabalhadores, facturando 2.5 mil milhões de euros e exportando 359 milhões de euros.