Por que razão os investidores gostam tanto de investir em startups de base tecnológica, nomeadamente em Life Sciences e/ou em plataformas digitais?

A resposta é relativamente simples: porque, com tecnologia, conseguem-se desenvolver soluções muito melhores, com maior qualidade para resolver os problemas das pessoas e das empresas. Tipicamente, estas soluções para além de serem muito mais baratas, são altamente escaláveis, ou seja, o custo de produção não aumenta para se conseguir chegar a muito mais pessoas ou empresas. Ora, soluções que resolvem problemas, que são mais económicas e de qualidade muito superior ganham à concorrência, conquistam mercados e tornam-se em empresas muito valiosas. É relativamente fácil de perceber a razão pela qual as empresas de capitais de risco (também conhecidas por Venture Capitalists – VCs) focaram, de há alguns anos a esta parte, grande parte do seu investimento em startups de base tecnológica.

A tecnologia tem essa característica interessante: pode ser desenvolvida a partir de qualquer localização geográfica e não necessariamente de um grande centro urbano. Na prática, não há barreiras para os empreendedores dos distritos mais pequenos.

Existirão condições necessárias para que sejam criadas startups de base tecnológica numa determinada região? Sim, e resumidamente, são duas: conhecimento, tanto para desenvolver como para promover/vender a tecnologia e um ecossistema forte que reúna e acolha empreendedores, incubadoras, aceleradores, investidores, media, capaz de alavancar o desenvolvimento dos respetivos agentes como um todo.

A primeira resolve-se com formação e educação, isto é, com centros de formação e universidades que ensinem e promovam a tecnologia. A segunda, se os privados não o fizerem, tem de ser promovido pelos governos locais e ou pelos próprios centros de formação/Universidades.

Por definição, um pequeno distrito tem poucas pessoas. E, portanto, o ecossistema empreendedor não será muito grande e, não sendo muito grande, é mais difícil desenvolver conhecimento em áreas diferentes. A solução passa pela especialização e foco em determinados campos. Com foco numa determinada área da tecnologia, consegue-se alavancar o conhecimento e, assim, almejar conseguir ser o melhor do mundo na mesma e maximizar a criação de valor.

Concluindo, a dimensão de uma determinada cidade não é fator determinante para o nível de empreendedorismo e potencial de valor que pode ser criado. O que é determinante é o conhecimento, em especial ao nível tecnológico, assim como a educação e a cultura empreendedora. Estes devem ser promovidos ao máximo pelos líderes dessas mesmas regiões. Se assim for, consegue-se atingir uma dinâmica de criação de valor muito forte.